Detenção polêmica

Justiça solta motoboy que ficou preso 19 dias, suspeito de roubo de colar em MG

Família alega que Maxsuel Vieira Ribeiro é inocente e trabalhava no momento do crime

Por Renata Evangelista
Publicado em 03 de agosto de 2021 | 18:41
 
 
 
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O motoboy Maxsuel Vieira Ribeiro, de 35 anos, suspeito de roubar uma pulseira e um colar de ouro, foi solto nesta terça-feira (3) após 19 dias de prisão em Ipatinga, na região do Vale do Rio Doce. A família alega que ele é inocente e que trabalhava no momento do assalto. Ao ser libertado, o homem foi recepcionado com festa por vários vizinhos que acreditam que ele não cometeu o crime.

O caso ganhou notoriedade porque, mesmo sem possuir antecedentes criminais e nada de ilícito ter sido apreendido, a Justiça negou, por duas vezes, que o mototaxista respondesse ao processo em liberdade. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) chegou a questionar sobre a prisão e alegou racismo. Maxsuel é negro e homossexual.

O Tribunal de Justiça (TJMG) ainda não se manifestou sobre a soltura, mas a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou que o motoboy foi libertado após um alvará de soltura. "Maxsuel Vieira Ribeiro deu entrada no Centro de Remanejamento Provisório de Ipatinga no dia 16/7/2021, e recebeu alvará de soltura, concedido pela Justiça, no dia 3/8/2021", declarou.

A soltura ocorreu depois que a delegada responsável pelo caso entendeu que ele não é o autor do crime pelo qual foi acusado. O homem havia sido preso no bairro Parque Caravelas, no município de Santana do Paraíso, onde mora, depois de ter sido reconhecido pela vítima. Mas a família alega contradições.

"No próprio boletim de ocorrência, ela (vítima) diz que o suspeito é alto, e meu primo tem apenas 1,60m de altura. Também declarou que o autor do roubo estava de capacete. Então, como reconheceu meu primo? Com certeza, no momento da pressão, ela se enganou. Só queremos por Justiça", relatou a prima Tamires Ribeiro, de 31 anos.

Ao chegar em casa, Maxsuel celebrou a liberdade. "Sai daquele inferno e gostaria de agradacer todo mundo que torceu por mim e acreditou em mim. Assista:

Inocência 

"Maxsuel sempre foi trabalhador. Ele presta serviço para comerciantes e moradores do bairro Parque Caravelas. No momento em que foi abordado, transportava um adolescente até um campo de futebol, a pedido da mãe do jovem", relembrou. Antes de prender o motoboy, a polícia analisou imagens das câmeras de segurança do bairro vizinho onde ocorreu o roubo. 

As imagens são do Parque Caravelas, onde Maxsuel mora e trabalha. A moto dele, uma Honda Titan, coincide com as características descritas pela vítima e foi vista nos registros. "Mas meu primo roda pelo bairro a todo momento, pois presta serviço para pequenos comerciantes", alega Tamires.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) chegou a questionar sobre a prisão do motoboy. No documento, assinado pela deputada Andréia de Jesus (PSOL), foi solicitado ao juiz responsável pela 2ª Vara Criminal de Ipatinga que realizasse nova audiência de custódia para rever a decisão da prisão.

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