O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), assinou, nesta quinta-feira (27), um convênio com a UFMG para financiar parte das pesquisas desenvolvidas pela universidade para a criação de uma vacina contra a Covid-19. A prefeitura de Belo Horizonte irá investir R$ 30 milhões para que os próximos testes do imunizante, considerado um dos mais avançados no processo pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), continuem. A expectativa é que a vacina mineira esteja disponível em 2022.
Durante a cerimônia de assinatura, Kalil elogiou a UFMG, citando os mais recentes rankings que colocaram a universidade como a melhor entre as federais do país. "A ajuda é pequena, porque é de uma prefeitura", declarou ao criticar fortemente os cortes orçamentários sofridos pela universidade, aos quais definiu como um crime, e pedir para que outras esferas governamentais também se engajem.
A reitora da UFMG, por sua vez, comemorou e agradeceu pela parceria: "Esse apoio vai nos permitir continuar com segurança o desenvolvimento desta vacina que, esperamos, trará uma alento para todos nós. Esse apoio chegou em hora decisiva, não só por causa dessa etapa da pesquisa, mas também em razão dos cortes no orçamento", disse Sandra Goulart.
O município irá financiar R$ 30 milhões, em parcelas mensais, conforme a evolução da pesquisa. A primeira parcela, estimada em R$ 6 milhões, será liberada ainda neste mês. As outras parcelas – cujos valores não foram informados – serão repassadas até dezembro a medida que forem sendo apresentados os avanços da pesquisa, conforme proposta apresentada pela instituição, que foi aceita pela PBH.
Segundo a UFMG, os recursos desse convênio serão usados no pagamento das despesas relacionadas aos custos com manutenção e experimentos com os animais, na compra de reagentes – para avaliação da resposta imune, produção e formulação das vacinas –, na produção de lotes de teste para análise da Anvisa, na supervisão dos ensaios, no preparo da documentação de pedido de registro, na execução dos testes pré-clínicos e nas duas etapas dos ensaios clínicos, em adultos saudáveis sem exposição prévia à Covid-19.
Os estudos de fase clínica 1 e 2 em adultos são requisitos necessários para os ensaios de fase 3 e aprovação pela Anvisa.
Atualmente, o imunizante, está sendo testado em camundongos, que foram expostos aos vírus que passaram por mutações. A intenção dos pesquisadores é verificar se a nova vacina é eficaz frente a variantes como a P1, identificada inicialmente em Manaus, e a P2, que poderia ter origem no Rio de Janeiro.
Após os testes com os primatas, os pesquisadores esperam ser autorizados a iniciar os experimentos clínicos em humanos, que serão divididos em três fases. As fases 1 e 2 deverão ser realizadas ainda este ano, e a fase 3, no início de 2022.
Segundo o professor Ricardo Tostes Gazzinelli, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Vacinas, o intuito da universidade é transformar a UFMG em um polo nacional de tecnologia. "Esse esforço para desenvolvimento de uma vacina para a Covid é uma parte de um esforço para um projeto muito maior. Vão acontecer outras epidemias depois dessa e devemos estar preparados para responder rapidamente a outras situações", explica o pesquisador, ressaltando que a universidade pretende desenvolver vacinas para outras doenças.
"Existe série de doenças negligiciadas pela industria farmaceutica, que queremos atuar, como a dengue, a malária, a doença de chagas e a leishmaniose. Queremos atender o Brasil inteiro, gerando novos produtos que vão agregar a saúde e a economia", pontuou.
Emendas parlamentares
Além do recurso da PBH, a UFMG já tem garantido R$ 3 milhões em emendas parlamentares de duas deputadas estaduais.
Atualmente, a UFMG tem em andamento sete estudos de vacinas que protegem contra o vírus – tudo foi iniciado em março do ano passado, sendo cinco do CTVacinas, que fica no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), e outras duas no Instituto de Ciências Biológicas.