Coronavírus

Kalil diz que governo de MG fez proposta 'indecorosa' para ceder Mineirão

Prefeito de BH queria montar hospital de campanha na esplanada do estádio para receber pacientes contaminados pelo novo coronavírus

Por Lucas Morais
Publicado em 06 de abril de 2020 | 15:16
 
 
 
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A montagem de um hospital de campanha no Mineirão para receber pacientes contaminados pelo coronavírus não será mais feita. Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (6), o prefeito de BH, Alexandre Kalil, disse que o governo de Minas Gerais não cedeu a esplanada e foi incisivo nas críticas: “Já tinha combinado pessoalmente com o governador, mas depois o secretário (de Infraestrutura e Mobilidade) Marco Aurélio Barcelos fez uma proposta imoral, indecorosa, politiqueira, para ceder o espaço”.

Em substituição, Kalil disse ter fechado acordo com a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e com os hospitais São Francisco e São José para ampliar suas capacidades em mil leitos, todos destinados a pacientes infectados pelo novo coronavírus. “Praticamente o dobro do hospital de campanha. Então, tá superado, não quero briga, não quero discussão. É hora de salvar vidas”, disse o prefeito de BH.

Após a crítica, Kalil disse não ter medo de briga, mas ressaltou ser hora de união, e não de embate. E voltou a alfinetar o governador Romeu Zema: “Ele é muito mal assessorado. Não tem culpa de metade das lambanças que fazem em torno dele, haja vista esse último episódio, do Mineirão. Prejudica muito o governador, que é bem-intencionado e quer trabalhar, mas precisa de assessoramento. Tenho gente competente do meu lado”.

Reforço no atendimento

Sem apoio estadual, a prefeitura citou a instalação três espaços exclusivos para os primeiros atendimentos de pacientes com suspeita de coronavírus: nas regiões Centro-Sul, que já recebeu mais de 1,7 mil, em Venda Nova, com outras 400 pessoas, e no Barreiro, que não teve os números preliminares divulgados. 

Além dos mil leitos de UTI em hospitais públicos parceiros, o Executivo municipal vai utilizar as 76 vagas para cuidados intensivos e outras 107 enfermarias no antigo hospital Hilton Rocha – hoje Instituto Orizonti –, no bairro Mangabeiras, na região Centro-Sul da capital, para atender a demanda de novos casos de contaminação por coronavírus.

"Estamos bem preparados, desde que tenhamos uma população responsável. Vamos endurecer as medidas, precisamos de responsabilidade. BH respeitou e aprendeu com o que foi feito na China três meses atrás. Ou vamos seguir a Itália ou a China. Temos escolhas, o pessoal está achando que só vai matar velho. O garoto vai morrer por não ter UTI", argumenta.

Resposta

Em resposta à acusação feita pelo prefeito, a assessoria de imprensa da Minas Arena, responsável pela administração do Mineirão, divulgou a seguinte nota: “A Minas Arena acompanhou visitas técnicas com representantes da prefeitura e do governo do Estado. Confirmou seu compromisso em ceder a Esplanada de forma não onerosa, ou seja, gratuita. Vale lembrar que a decisão de montagem ou não do hospital de campanha, por estar fora do objeto do contrato de concessão, deve ser definida pelo governo do Estado”.

O que diz o governo de Minas?

A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) reforça que todas as medidas destinadas ao combate do coronavírus e seus efeitos são importantes e merecem o total apoio das autoridades e da sociedade civil organizada. Sob esse contexto, esclarece que já na semana anterior havia sido disponibilizada, para a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, a cessão do Estádio do Mineirão para a montagem de um hospital de campanha, sem qualquer custo. 

Mas, por se tratar de um equipamento administrado por empresa privada, contratada pelo Estado de Minas Gerais, informou-se que seria necessária a atuação conjunta de ambos os entes para a realização do empreendimento, tendo sido a Secretaria Municipal de Saúde comunicada de que as equipes da Seinfra estavam de prontidão para dar andamento a todas as medidas jurídicas e operacionais necessárias. 

A Secretaria reitera que o Mineirão continua à disposição da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para a implementação de ações orientadas ao enfrentamento do Covid-19. Ressalta, por fim, que a oportunidade de atuar em conjunto com as autoridades municipais neste momento de crise independe de preferências ou de qualquer contexto eleitoral.

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