A montagem de um hospital de campanha no Mineirão para receber pacientes contaminados pelo coronavírus não será mais feita. Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (6), o prefeito de BH, Alexandre Kalil, disse que o governo de Minas Gerais não cedeu a esplanada e foi incisivo nas críticas: “Já tinha combinado pessoalmente com o governador, mas depois o secretário (de Infraestrutura e Mobilidade) Marco Aurélio Barcelos fez uma proposta imoral, indecorosa, politiqueira, para ceder o espaço”.
Em substituição, Kalil disse ter fechado acordo com a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte e com os hospitais São Francisco e São José para ampliar suas capacidades em mil leitos, todos destinados a pacientes infectados pelo novo coronavírus. “Praticamente o dobro do hospital de campanha. Então, tá superado, não quero briga, não quero discussão. É hora de salvar vidas”, disse o prefeito de BH.
Após a crítica, Kalil disse não ter medo de briga, mas ressaltou ser hora de união, e não de embate. E voltou a alfinetar o governador Romeu Zema: “Ele é muito mal assessorado. Não tem culpa de metade das lambanças que fazem em torno dele, haja vista esse último episódio, do Mineirão. Prejudica muito o governador, que é bem-intencionado e quer trabalhar, mas precisa de assessoramento. Tenho gente competente do meu lado”.
Reforço no atendimento
Sem apoio estadual, a prefeitura citou a instalação três espaços exclusivos para os primeiros atendimentos de pacientes com suspeita de coronavírus: nas regiões Centro-Sul, que já recebeu mais de 1,7 mil, em Venda Nova, com outras 400 pessoas, e no Barreiro, que não teve os números preliminares divulgados.
Além dos mil leitos de UTI em hospitais públicos parceiros, o Executivo municipal vai utilizar as 76 vagas para cuidados intensivos e outras 107 enfermarias no antigo hospital Hilton Rocha – hoje Instituto Orizonti –, no bairro Mangabeiras, na região Centro-Sul da capital, para atender a demanda de novos casos de contaminação por coronavírus.
"Estamos bem preparados, desde que tenhamos uma população responsável. Vamos endurecer as medidas, precisamos de responsabilidade. BH respeitou e aprendeu com o que foi feito na China três meses atrás. Ou vamos seguir a Itália ou a China. Temos escolhas, o pessoal está achando que só vai matar velho. O garoto vai morrer por não ter UTI", argumenta.
Resposta
Em resposta à acusação feita pelo prefeito, a assessoria de imprensa da Minas Arena, responsável pela administração do Mineirão, divulgou a seguinte nota: “A Minas Arena acompanhou visitas técnicas com representantes da prefeitura e do governo do Estado. Confirmou seu compromisso em ceder a Esplanada de forma não onerosa, ou seja, gratuita. Vale lembrar que a decisão de montagem ou não do hospital de campanha, por estar fora do objeto do contrato de concessão, deve ser definida pelo governo do Estado”.
O que diz o governo de Minas?
A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) reforça que todas as medidas destinadas ao combate do coronavírus e seus efeitos são importantes e merecem o total apoio das autoridades e da sociedade civil organizada. Sob esse contexto, esclarece que já na semana anterior havia sido disponibilizada, para a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, a cessão do Estádio do Mineirão para a montagem de um hospital de campanha, sem qualquer custo.
Mas, por se tratar de um equipamento administrado por empresa privada, contratada pelo Estado de Minas Gerais, informou-se que seria necessária a atuação conjunta de ambos os entes para a realização do empreendimento, tendo sido a Secretaria Municipal de Saúde comunicada de que as equipes da Seinfra estavam de prontidão para dar andamento a todas as medidas jurídicas e operacionais necessárias.
A Secretaria reitera que o Mineirão continua à disposição da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para a implementação de ações orientadas ao enfrentamento do Covid-19. Ressalta, por fim, que a oportunidade de atuar em conjunto com as autoridades municipais neste momento de crise independe de preferências ou de qualquer contexto eleitoral.