Empresários, comerciantes e funcionários de lojas de Belo Horizonte se reúnem em frente à sede da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, no Centro da capital, para protestar contra o decreto de fechamento das atividades não essenciais na cidade, na manhã desta segunda-feira (11). Os manifestantes entoaram um coro de "Fora, Kalil" diversas vezes.

Em um trio elétrico parado em frente à sede do governo, líderes do movimento clamaram por desobediência civil e estimularam que as lojas permaneçam abertas, a despeito da proibição municipal. Aglomerada, a maior parte da multidão utilizava máscara. Faixas de academias como a Pratique Fitness e a PL Fit despontavam entre os presentes.

Assista:

O empresário José Márcio, 47, é um dos que promete manter as lojas funcionando. Segundo ele, pelo menos uma de suas  lojas de roupa, em Venda Nova, já está aberta e os funcionários estão trabalhando sob aviso prévio. "O problema de BH não é o comércio, mas os leitos de UTI que foram fechados pelo Kalil", diz o comerciante, ecoando um argumento que foi levantado diversas vezes. Ele é um dos representantes do grupo BH Não Pode Parar, criado especialmente contra o decreto atual, de acordo com ele, após se separar um de outros movimentos de direita. 

Bruno Afonso, 29, sócio da empresa Lojão Pague Menos, também compareceu ao protesto, mas disse que, por ora, não pretende manter as lojas abertas irregularmente. "Por enquanto, é uma minoria que vai fazer isso", diz. Ele levou funcionários de suas 11 lojas que funcionam na capital para participar da manifestação, de uniforme. A participação foi facultativa, de acordo com ele. Três funcionárias que pediran para não ser identificadas, porém, disseram ter sido forçadas a ir à manifestação contra a vontade. "Fiquei preocupada pela aglomeração", afirmou uma delas. 

O dono da rede de salões de beleza Socila, Fagner Gonçalves, 40, diz que a orientação aos 90 franqueados na cidade é obedecer ao decreto de fechamento e já está com uma ação correndo na Justiça para permitir a abertura. Dona de um salão no Alto Vera Cruz, na região Centro-Sul de BH, Alessandra Soares, 42, diz que vai abrir as portas pelo menos alguns dias da semana. "As funcionárias têm filho, são mães solteiras. O que eu vou fazer? Converso com o fiscal, não sei", disse. 

Além de lojistas, professores de escolas, também fechadas, discursaram no carro de som. Políticos como os vereadores Braulio Lara (Novo) e Nikolas Ferreira (PRTB) falaram contra o decreto. "O comerciante é responsável por tudo o que acontece nesta cidade?", disse Ferreira. Ele apoiou que se recorra a ações judiciais contra a decisão municipal e pediu que entidades representativas do comércio a apoiem.

Ovacionado, o deputado estadual e ex-candidato a prefeito Bruno Engler (PRTB) também defendeu ação judicial contra a medida do prefeito, mas disse que a via mais fácil de conseguir resultados é pressionando a mobilização da Câmara Municipal de BH. O empresário José Antônio, 57, um dos líderes da movimentação, disse que os movimentos pela abertura divulgarão um formulário nas redes sociais para a população apoiar a ação judicial.

Entidades se reúnem com prefeitura às 17h

Representantes de academias conseguiram agendar uma reunião com secretários municipais para as 17h de hoje. Outra manifestação já está convocada para as 10h no mesmo local nesta terça-feira (12).

Esta matéria foi atualizada às 16h32.