Belo Horizonte

Médicos fazem ato na Praça da Estação em defesa do SUS e da democracia

Cerca de 60 profissionais da saúde se reuniram em uma manifestação pacífica na manhã deste domingo

Por Bruno Mateus
Publicado em 07 de junho de 2020 | 11:28
 
 
 
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A defesa da democracia e do Sistema Único de Saúde (SUS), críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro e uma homenagem aos profissionais da saúde que perderam suas vidas no enfrentamento ao novo coronavírus marcaram um ato realizado por médicos na manhã deste domingo (8), na Praça da Estação, Centro de Belo Horizonte.

Usando máscaras, trajando branco e mantendo a recomendado distância de dois metros entre as pessoas, eles também reivindicaram mais investimento no SUS, melhorias nas condições de trabalho e uma política efetiva que proteja os trabalhadores da saúde durante a pandemia.

Trabalhadores de serviços de saúde públicos e privados, professores universitários e lideranças da categoria também participaram do ato, que foi convocado pelo núcleo mineiro da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia e pela Rede Nacional de  Médicas e Médicos Populares, com o apoio do Coletivo Alvorada. O ato não registrou nengum tipo de ocorrência e recebeu apoio de vários motoristas, que buzinavam ao passar pela Praça da Estação. 

Entre palavras de ordem em defesa do SUS e em oposição à Bolsonaro, os manifestantes utilizaram cruzes para lembrar e homenagear os profissionais da saúde que morreram trabalhando para frear a Covid-19 no Brasil. De acordo com um levantamento do Sindicato dos Médicos de São Paulo, até a última quarta-feira (3), 128 médicos estão na lista de óbitos em função da pandemia. Os números são ainda maiores entre os enfermeiros. Segundo o Conselho Federal da categoria, 157 trabalhadores entre as vítimas fatais, superando Estados Unidos e o Reino Unido no número de óbitos entre enfermeiros.

A pediatra e médica do SUS, Sônia Lansky diz que "o ato simboliza a indignação e a resistência de médicas e médicos comprometidos com a democracia no Brasil". Sônia também destaca que um dos motes do ato é chamar atenção para o que eles acreditam ser um momento grave de intervenção em instituições democráticas, inclusive no Ministério da Saúde.

"O governo Bolsonaro censura e manipula dados, e não aponta uma saída para essa crise. O que está acontecendo no Ministério da Saúde é uma ocupação militar e a retirada de técnicos, que estavam fazendo um bom trabalho, afirma.

O Brasil já superou 670 mil casos confirmados da doença e é o segundo país com mais notificações no mundo. No triste ranking que contabiliza o número de mortos, já são mais de 36 mil brasileiros vítimas da Covid-19, número coloca o país na terceira posição. 

Além de pedir a revogação da Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos em saúde, educação e serviços sociais por 20 anos, os médicos também cobram mais equipamentos de proteção individual e testes diagnósticos que deem conta de fazer uma leitura fiel da situação da pandemia no Brasil.

A médica da família e comunidade Júlia Rocha destaca que a decisão de sair às ruas em meio à pandemia foi tomada com cautela e todas as medidas de saúde foram seguidas de acordo com os protocolos. Ela diz que é importante marcar um posicionamento diante do que ela considera "um avanço do fascismo no Brasil". 

"Estamos aqui também pela vida das pessoas qie estão em situação mais vulnerável, elas são as mais atingidas pelo desmonte do SUS", observa.

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