Minas

Metade da população se desloca de transporte público ou carro

Entre as pessoas que têm veículo, só 8,8% usam ônibus ou metrô para trabalhar, fazer compras etc

Por Lucas Morais
Publicado em 16 de novembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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O levantamento do Instituto DATATEMPO apontou os principais meios usados pelos mineiros para se deslocarem nas cidades do Estado. Conforme os dados, metade (50,2%) da população de Minas Gerais utiliza mais o transporte público, como ônibus e metrô, ou carro para chegar ao trabalho, escola, supermercado, igreja etc. Na sequência, vem os que se deslocam mais a pé (20%), de moto (12,1%), de aplicativo como Uber e 99 (9,1%) e da bicicleta (8,1%). 

Entre as pessoas que contam com um veículo, 8,8% usam o transporte coletivo no deslocamento diário e quase 50% preferem o próprio automóvel. “Para 44,6% dos usuários, o principal motivo para o uso do transporte público é por ser a única opção disponível, enquanto 35,5% se dá por ser mais barato”, acrescentou a coordenadora da pesquisa, Audrey Dias. 

Para o doutor em engenharia de transportes Frederico Rodrigues, os sistemas coletivos perderam cada vez mais espaço para outros modos de deslocamento nas últimas décadas. “Isso não é um fenômeno recente, é histórico. Primeiro, com a melhoria econômica do país, o barateamento das motocicletas, e depois os aplicativos de transporte. Agora o home office, que também provocou uma redução (de usuários). Então são vários fatores que têm agravado a perda de passageiros no transporte coletivo”, explicou.

No país, o especialista lembrou que o transporte público acontece principalmente por ônibus, já que são sistemas mais baratos para a implantação, diferentemente do metrô, que tem maior capacidade e é considerado mais rápido.

Segundo Rodrigues, a principal solução atual para melhorar o transporte público é a integração entre os diversos modelos. “Nunca teremos um sistema de metrô a exemplo de cidades como Nova York e Londres, que é extremamente capilar. Isso é muito caro e foi feito em uma outra época. Agora, podemos fazer uso maior de outros modos, que estão evoluindo, mas não possuem alta capacidade, como a bicicleta, o patins e o próprio modo de andar a pé”, enfatizou o especialista.

Infraestrutura
No caso da bicicleta, por exemplo, há diversos problemas nas cidades por conta da falta de infraestrutura. Na capital mineira, menos de 2% dos deslocamentos são realizados por bicicletas, e a população conta com apenas 108 km de ciclovias, muitas vezes desconectadas e isoladas em determinadas regiões. Em julho, a prefeitura abriu uma consulta pública para empresas interessadas em implantar e operar sistemas de compartilhamento de bikes. Atualmente, só a orla da Lagoa da Pampulha conta com o serviço, com 14 estações e cem equipamentos.

O doutor em engenharia de transportes também lembrou que adquirir um veículo não é um problema, já que as pessoas podem querer usar nos fins de semana, durante a noite, para viajar ou outras atividades de lazer. “O problema é ir trabalhar no pico da manhã e voltar à tarde. Se estivermos perdendo usuários do transporte coletivo que estão adquirindo o carro para uso nesse momento, isso sim é um problema de mobilidade e tem relação em partes com a precariedade dos sistemas. Mas é bom frisar que o transporte coletivo de qualidade não vai te dar o mesmo conforto que seu carro, só que uma viagem mais rápida”, acrescentou.

Confira os meios de transporte mais usados no Estado

 

 

Deslocamentos diários

 

 

Posicionamento sobre a mobilidade urbana

1 - As pessoas deveriam priorizar o uso detransporte público em vez do carro para proteger o meio ambiente

2 - Se o transporte público fosse de qualidade, com ampla oferta de horários e ligando todos os pontos da cidade, utilizaria esse meio mesmo que possuísse carro

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