Levantamento

MG é o Estado que mais desmatou a Mata Atlântica entre 2021 e 2022

Sete mil hectares foram destruídos, conforme levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Por *Vitor Fórneas
Publicado em 25 de maio de 2023 | 15:14
 
 
 
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Minas Gerais foi o Estado que mais desmatou o bioma Mata Atlântica entre outubro de 2021 e de 2022 com 7 mil hectares devastados. Em todo o país foram 20.075 ha de floresta derrubada, o que corresponde a mais de 20 mil campos de futebol. Visando reduzir o desmatamento ilegal, o governo de Minas afirma que vem realizando uma série de atividades, dentre elas a assinatura do Protocolo de Intenções que consiste numa série de ações conjuntas e articuladas para serem colocadas em prática em municípios mais críticos. 

Levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostra que Minas divide a marca lamentável ao lado de Bahia (5.719 ha), Paraná (2.883 ha), Mato Grosso do Sul (1.115 ha) e Santa Catarina (1.041 ha) como os locais que acumulam 91% de áreas destruídas do referido bioma no país. 

O diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, esclareceu que o desmatamento em Minas, Bahia e Mato Grosso do Sul é resultado da expansão, em larga escala, da agricultura e pecuária, já que se trata de regiões de fronteira agrícola ainda em abertura.

Preservar a Mata Atlântica é essencial, conforme destacado por Guedes, pois o bioma é lar de quase 70% da população e responde por cerca de 80% da economia do país, além de produzir 50% dos alimentos consumidos no Brasil.

Os dados da SOS Mata Atlântica mostram que mesmo tendo queda de 7% na devastação quando comparado com 2020-2021 (21.642 ha), o quantitativo de desmatamento do bioma foi o segundo maior nos últimos seis anos. “É uma variação muito pequena em um patamar alto, acima de 20 mil hectares, que é um valor para a Mata Atlântica muito alto se a gente entender que é um processo cumulativo de 500 anos de desmatamento. É um dado muito preocupante. São 55 hectares perdidos por dia”, afirmou Guedes.

Ações para diminuir o desmatamento

Procurado por O TEMPO, o governo de Minas informou que tem realizado um série de atividades com o objetivo de reduzir o desmatamento ilegal no Estado. Uma delas são as fiscalizações que, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), estão sendo cada vez mais fortalecidas.

“Somente no primeiro quadrimestre deste ano, referente ao bioma Mata Atlântica, foram realizadas 1.467 fiscalizações ambientais, o que gerou 1033 infrações. Em comparação com os outros anos, em 2021, foram realizadas 4.069 fiscalizações, com 2.207 infrações. Em 2022, foram 5.485 fiscalizações, com 3367 infrações registradas”, informou. 

As ações de preservação e conservação das florestas nativas em Minas Gerais são norteadas pelo Plano Estadual de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. “Atualmente, de acordo com mapeamento do Instituto Estadual de Florestas (IEF), a cobertura vegetal nativa de Mata Atlântica em Minas representa cerca de 19% do território mineiro e cerca de 40% da área total existente do bioma. De 2021 até abril deste ano, já foram recuperados mais de 26,5 mil hectares de área referente ao bioma Mata Atlântica”, esclareceu em nota.

A conscientização e o diálogo com setores produtivos e governos municipais é outra estratégia da administração para reduzir a marca de desmatamento, conforme previsto no Plano de Ação de Combate ao Desmatamento. 

O Protocolo de Intenções, que consiste numa série de ações conjuntas e articuladas para serem colocadas em prática em municípios mais críticos, foi assinado na última terça-feira (23) e contou com a presença do governador Romeu Zema (Novo), representantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa e da Polícia Militar de Meio Ambiente.

Outra iniciativa do governo é a publicação mensal do boletim “Minas Contra o Desmatamento” para que a população acompanhe o trabalho de combate ao desmatamento ilegal. A publicação é realizada pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema).

*Com Agências

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