Há mais de três anos, a produtora de eventos Kelly Sousa Santana, 38, teve que se afastar do trabalho e passou a encarar uma rotina dura de tratamento de um câncer raro no joelho. De lá para cá, foram várias passagens pelo bloco cirúrgico e sessões de radioterapia e quimioterapia contra o tumor, que resultaram, no final do ano passado, na amputação da perna esquerda dela. Agora, Kelly luta para conseguir o recurso necessário para a compra de uma prótese, que vai permitir que ela retome à vida que tinha antes e consiga brincar como sempre sonhou com o filho Pedro, de 4 anos. Para isso, ela abriu uma vaquinha online com a meta de arrecadar R$ 40 mil.
Tudo começou ainda em 2008, quando Kelly, então com 25 anos, passou a sentir dores no joelho esquerdo. Ela fez um exame e descobriu um nódulo na região. Fez uma cirurgia para a retirada, e a biópsia indicou que, na verdade, tratava-se de um tumor raro, chamado sarcoma. Após a cirurgia, os exames mostraram que o tumor tinha sido retirado e estava tudo certo.
Kelly viveu os anos seguintes normalmente, sem qualquer problema, até que, em 2015, voltou a sentir dores no joelho. Ela fez outro exame, e o resultado apontou que o tumor tinha voltado. A produtora de eventos passou por uma nova cirurgia e, novamente, deu tudo certo. No mesmo ano, com autorização médica, Kelly engravidou.
Após o nascimento do filho Pedro, em 2016, ela fez exames de controle, que indicaram que o tumor tinha voltado a crescer. No ano seguinte, precisou fazer mais duas cirurgias: o tumor tinha atingido o fêmur. "A última foi um pouco mais dolorida, porque cortaram o fêmur e colocaram haste com parafuso. Ali comecei a andar de muleta", conta Kelly, que ainda precisou fazer 30 sessões de radioterapia.
O tratamento travou a musculatura do joelho dela, e a perna perdeu todo o movimento, não dobrava nem esticava, mesmo com os esforços da fisioterapia, e Kelly sentia muitas dores. O médico dela disse, na época, que não dava para fazer mais nada. A opção era tirar o joelho e colocar uma endoprótese no lugar.
Em 2018, ao fazer os exames preliminares para a colocação da endoprótese, Kelly descobriu que o tumor tinha voltado e, na cirurgia, a equipe médica avaliou que ele tinha já tinha crescido, atingindo a musculatura da coxa. A produtora perdeu o tendão, o ligamento, a massa muscular e o joelho, e saiu do bloco cirúrgico com a endoprótese.
Mas o procedimento não cicatrizava, e Kelly teve que passar por mais três cirurgias. Na última tentativa, foi preciso fazer um enxerto: tirar parte da panturrilha para colocar no joelho.
Após tudo isso, Kelly perdeu a força para andar, e a perna dela foi atrofiando cada vez mais, mesmo com a fisioterapia. "No ano passado, já muito cansada de sentir dores, comecei a pensar na possibilidade de amputação. Eu ainda precisava fazer quimioterapia para afastar qualquer possibilidade de retorno do tumor, e comecei a amadurecer a ideia. Era tudo muito assustador, a amputação é muito traumática para qualquer pessoa, mas eu sentia muitas fores e não tinha possibilidade de voltar a andar", diz.
Nesse período, Kelly passou a conversar com outras pessoas que passaram pela experiência da amputação e decidiu que iria fazer a cirurgia, precisava apenas esperar o fim da quimioterapia. Mas, em dezembro de 2019, surgiu um machucado próximo à área enxertada que adiantou à força o processo.
"Por causa da quimioterapia, o organismo fica afraco, minha perna abriu e eu tive uma infecção, uma rejeição da endoprótese, e precisei de internação. Eu sentia dores terríveis, não conseguia dormir, tomava morfina e as dores não passavam, e pedi a amputação naquele momento mesmo", afirma. "Foi um alívio, porque, graças a Deus, as dores acabaram", completa. Agora, Kelly retomou o tratamento da quimioterapia e precisa de uma prótese para conseguir voltar a andar e ter de volta a vida que tinha.
A prótese e as sessões de fisioterapia necessárias custam, no total, R$ 30 mil. Para conseguir o dinheiro, Kelly, que está afastada do trabalho pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desde 2017, criou uma vaquinha online. A meta é arrecadar R$ 40 mil, porque cerca de 8% do valor fica com o site, e ela ainda precisa arcar com os custos de deslocamento de Vespasiano, na região metropolitana, onde mora, a Belo Horizonte, para a reabilitação.
"Como eu moro em Vespasiano teria um custo muito alto de deslocamento para ir três ou quatro vezes por semana para Belo Horizonte para fazer os treinos. Meu esposo é autônomo, e, com essa pandemia, fica tudo mais difícil", afirma. Kelly estima que serão necessários cerca de seis meses de treinamento após a colocação da prótese antes de ela voltar a andar.
Enquanto não consegue a prótese, Kelly tem usado muleta. "Meu filho tem 4 anos, ele nasceu no meio disso tudo, a gente não imaginava essa turbulência toda, e nunca consegui brincar com ele de correr ou jogar bola, porque eu sentia dores muito fortes, e com a muleta não tem jeito. As pessoas que usam prótese se adaptam muito bem, se Deus quiser, vou poder voltar a ter minha vida normal, a trabalhar e a fazer minhas atividades tranquila", conta.
Veja como ajudar
A vaquinha online para ajudar Kelly a comprar a prótese pode ser acessada aqui.
Quem quiser doar diretamente para ela pode fazer transferências bancárias:
Kelly Aparecida de Sousa Santana
Banco Santander
Agência: 2048
Conta corrente: 010181737
Para quem quiser ter mais informações ou entrar em contato com Kelly, o Instagram dela é o @kellysousasantana.