No seu aniversário de 51 anos, o artista plástico Willam Santos, ou simplesmente Will, fez um pedido público aos moradores de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte: que construíssem uma rede de apoio aos protetores de animais que, por conta da pandemia, passaram a enfrentar um panorama ainda mais desafiador na luta cotidiana para garantir a sobrevivência de cães e gatos abandonados. Uma ação pontual para selar a iniciativa aconteceu neste domingo (19).

Um dia depois de aniversariar Will improvisou, estrategicamente no centro da cidade, com a ajuda de amigos, um ponto de coleta de doações de alimentos e de medicamentos que, posteriormente, serão distribuídos entre ativistas que mantém abrigos para animais - muitos deles em suas próprias casas. A ação reverberou nas redes sociais e, pela manhã, quando a reportagem visitou o espaço, cerca de 150 quilos de ração já haviam sido arrecadados. Na ocasião, nas proximidades da praça JK, lugar de tráfego intenso, uma van ornada com balões foi convertida em instrumento da iniciativa das 8h às 11h.

“Foi até muito mais do que eu esperava, eu estou muito satisfeito, muito feliz pelo carinho, pelo respeito… Não só por mim, mas também pelos animais e pelos protetores”, celebrou Will que, mesmo sob a máscara facial, já não podia esconder a emoção pelo feito. De olhos marejados e voz embargada, agradeceu aos vespasianenses, ao que foi saudado com aplausos pelos que por lá transitavam.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

NO ANIVERSÁRIO, ARTISTA PEDE DE PRESENTE RAÇÃO PARA ANIMAIS 🐱❤️🐶 No seu aniversário de 51 anos, o artista plástico Willam Santos, ou simplesmente Will, fez um pedido público aos moradores de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte: que construíssem uma rede de apoio aos protetores de animais que, por conta da pandemia, passaram a enfrentar um panorama ainda mais desafiador na luta cotidiana para garantir a sobrevivência de cães e gatos abandonados. 🐕🐈 . . Uma ação pontual para selar a iniciativa aconteceu neste domingo (19). . . Um dia depois de aniversariar Will improvisou, estrategicamente no centro da cidade, com a ajuda de amigos, um ponto de coleta de doações de alimentos e de medicamentos que, posteriormente, serão distribuídos entre ativistas que mantém abrigos para animais - muitos deles em suas próprias casas. . . A ação reverberou nas redes sociais e, pela manhã, quando a reportagem visitou o espaço, cerca de 150 quilos de ração já haviam sido arrecadados. 🥰 . . ➡️ Leia a reportagem completa de Alex Bessas (@alexbessas) em otempo.com.br. . . Imagens: Uarlen Valério/O TEMPO (@uarlen_valerio) .

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Pandemia tornou cotidiano de protetores mais difícil

Há muitos anos já é habitual que Will busque meios de apoiar protetores, muitos deles seus amigos. Cerca de um mês atrás, no entanto, o artista plástico sentiu-se mais inquieto.

Ocorre que, ao visitar a casa de alguns desses ativistas, pôde confirmar: a pandemia da Covid-19 provocou efeitos devastadores e tornou quase inviável a manutenção das ações de resgate e abrigo de cães e gatos para aqueles que se dedicam voluntariamente à causa. Afinal, muitos deles entraram para as estatísticas do desemprego - hoje, no Brasil, 12,4 milhões estão sem ocupação, 2,6 milhões deles perderam seus empregos entre a primeira semana de maio e a quarta de junho, quando foi feito o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sem renda fixa, protetores perderam a principal forma de garantir alimentação e medicação para os animais sob seus cuidados. 

Piora o cenário o fato de as doações terem minguado, seja em função do receio de uma crise ou mesmo por conta da sensação de haver mais dificuldade para a realização dessas ações em função das necessárias medidas de isolamento social para a contenção da propagação do novo coronavírus. É o que aponta a protetora de animais Andreza Fabrícia. Ela própria perdeu recentemente o emprego sendo que, atualmente, cuida de sete cães - a mais recente abrigada é Lola, uma cadelinha com histórico de maus tratos e que foi acolhida pela ativista há cinco dias. “Ela chegou com as patinhas queimadas, precisou de um cuidado especial, ficou quatro dias na clínica (veterinária) e no dia 14 foi para minha casa. Agora está começando a se recuperar”, conta.

Diante desse quadro, Will primeiro buscou organizar ativistas e apoiadores. Criou, há duas semanas, o Núcleo de Apoio aos Protetores (NAP), catalogando cerca de 30 agentes que mantém abrigos e congregando aproximadamente 400 membros dispostos a prestar ajuda.

Foi quando, para demarcar a iniciativa e promover uma ação mais emergencial, o artista plástico decidiu aproveitar a ocasião do próprio aniversário para lançar o apelo aos moradores. Agora, diante da boa adesão, já marcou outros eventos para setembro, novembro e dezembro.

Ação visa evitar um novo possível problema de saúde pública 

Andreza, aliás, é só elogios à proposta do amigo. “É a coisa mais maravilhosa que poderia acontecer. É uma pessoa muito querida, muito conhecido”, comemora, indicando que, com essa atitude, o artista plástico empresta visibilidade à causa. E esta é, de fato, uma preocupação dele: “Sei que muitos deles já sofrem com preconceito, já são rotulados de forma maldosa. Tem quem diz que eles têm problemas psiquiátricos, coisas assim…”, conta. O principal temor dele é que, sem recursos, os protetores tenham que abandonar os animais: “Algo que provocaria um problema de saúde pública, com muitos cães principalmente sendo soltos nas ruas. Além disso, é algo que causaria muita frustração para essas pessoas”.

A lojista Silmara Amando Passos é outra a se solidarizar. Embora não se identifique como ativista, ela está inserida nessa luta. Na porta de sua loja de roupas femininas, sempre há ração e água para animais que vivem nas ruas. Quando consegue, também busca medicá-los. Além disso, faz do seu comércio um ponto de entrega de doações para protetores.

Na manhã deste domingo, claro, Silmara prestava seu apoio. “Fico feliz de ver esse movimento. Ainda existem pessoas boas”, celebra ela, que, conversando com Andreza, começa a estruturar o sonho de formalizar uma organização não governamental que congregue ativistas e apoiadores.