Em mais uma polêmica envolvendo o conjunto JK, uma verdadeira cidade com população de mais de cinco mil pessoas no coração de Belo Horizonte, a denúncia sobre o lixo acumulado no espaço. Conforme moradores que preferiram não se identificar por medo de represálias, a limpeza da esplanada que fica na rua Timbiras foi paralisada há quase dois meses. 

Tudo isso começou após investigações da Polícia Civil sobre a instalação irregular de grades no entorno da estrutura – a síndica e o gerente foram indiciados nesta quarta-feira (17) pela corporação. "Infelizmente, as pessoas acabam jogando lixo da janela na esplanada e, como o condomínio deixou de fazer a higienização naquele espaço, começou a acumular os resíduos. A rampa que dá acesso também não recebe a limpeza", conta um dos moradores.

Por conta do problema, outras pessoas chegaram a procurar o condomínio para fazer reclamações, que não foram atendidas. "Perguntaram para o porteiro o motivo disso e ele disse que a limpeza do local não é de responsabilidade do prédio, mas do Estado, que é dono dessa área. A convenção do condomínio, que é de 1972, cita explicitamente que a higienização desse local, além da iluminação e segurança, é de responsabilidade da administração. O Estado é um condômino, assim como nós", complementa.

Além dos resíduos pequenos, há até sacos de lixo jogados no local. Para outro morador, que também não quis se identificar, o problema se intensificou após a pandemia do coronavírus e a necessidade do isolamento social. "Mas são coisas que podem ser resolvidas de uma forma fácil, com uma campanha de conscientização ou até a instalação de câmeras. Nunca vimos nada nesse sentido", contou.

Realidade escondida

Inaugurado no fim da década de 1970 após diversos atrasos nas obras, o complexo projetado por Oscar Niemeyer conta com dutos para o despejo do lixo, que terminam no subsolo do edifício, próximo à garagem. Mas um grupo que vive no condomínio descobriu recentemente que os resíduos não caem dentro de uma caçamba ou container, mas direto no chão de um cômodo fechado.

"Só tem dois buracos no teto e um monte de lixo no chão. E ainda há um funcionário responsável por pegar o lixo de todo mundo, de segunda a sábado, em um local sem ventilação, completamente insalubre. A gente imaginava que ia para a caçamba e embora direto. Fora que a pressão deve rasgar muitos sacos. E vimos que o EPI dele é precário", revelou.

Para o morador, o problema até hoje não veio à tona por conta da localização da sala. "A quantidade de lixo na segunda-feira é um absurdo. Tínhamos certeza de que era algo mais mecanizado. Poderia ser realizado de uma forma mais digna, a garagem tem um pé direito duplo que entra até caminhão", sugere.

O condomínio não foi encontrado para comentar as irregularidades.