Na madrugada do dia 8 de março de 2013, o jornalista Rodrigo Neto era assassinado em uma rua no bairro Canaã, em Ipatinga, no Vale do Aço. Exatamente um ano depois, a real motivação e o mandante do crime ainda não foram descobertos. Para homenagear o jornalista e pedir mais empenho da Polícia Civil na resolução do caso – que teve ainda a morte do fotógrafo Walgney Carvalho, assassinado em 14 de abril do ano passado –, parentes e amigos de Neto participam de uma missa a partir das 19h deste sábado. Em seguida, eles farão uma caminhada até o local do homicídio.
 

Uma das possibilidades é que ele tenha sido morto por causa do quadro que tinha em um programa na rádio “Vanguarda”, de Ipatinga. Nele, Rodrigo Neto denunciava crimes supostamente cometidos por policiais e sem solução no Vale do Aço. Em decorrência das investigações realizadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa na cidade (DHPP), nove policiais acabaram presos – entre eles Lúcio Lírio Leal, investigador da Polícia Civil, que junto com Alessandro Neves Augusto, o Pitote, é apontado como executor de Neto.

Para os amigos e parentes da vítima, muitos mistérios ainda cercam o crime. “Existe um vazio em relação a apuração desse caso. Porque, embora os executores estejam presos, o mandante ainda é um mistério. Acho que eles se deram por satisfeitos com a prisão desses executores”, afirmou Fernando Benedito Júnior, jornalista e membro do Comitê Rodrigo Neto, criado por colegas de profissão para cobrar uma solução para o crime.

Lourdes Beatriz Faria, 33, viúva do jornalista, conta que ainda se sente insegura com o mandante em liberdade. “Temos que ter um resultado, principalmente em relação à motivação”, disse Lourdes, que tem um menino de 7 anos com Neto.

“Tentei voltar para minha rotina. Estou trabalhando, e meu filho está na escola. Mas ele é curioso e pergunta muito pelo pai. Não contei como ele morreu”.


Resposta. De acordo com o chefe do DHPP, Wagner Pinto, um inquérito complementar foi aberto pra apurar novas informações. Como o caso corre em sigilo, ele afirmou que não poderia dar mais detalhes. A investigação está sendo conduzida na capital e não está descartada a volta dos investigadores a Ipatinga.

Programa de Neto ainda não voltou ao ar

Apesar de os jornalistas de Ipatinga relatarem estar tranquilos e seguros para trabalhar na cidade, nenhum outro profissional assumiu o quadro “O que o Tempo não Apagou”, em um programa policial da rádio Vanguarda. Era nele que Rodrigo Neto denunciava crimes antigos e ainda sem solução na região do Vale do Aço.

“Agora está tranquilo e continuamos trabalhando do mesmo jeito, até nos mesmos casos”, disse a jornalista Gizelle Ferreira, que era amiga de Neto. “Mas o mandante está solto. Se ele cometeu esse desatino duas vezes, pode cometer três ou quatro”, concluiu Fernando Benedito Júnior.