Moradores de imóveis da rua Monte Negro, fundos com a rua Aristóteles Caldeira, no bairro Prado, região Oeste de Belo Horizonte, acordaram assustados, na madrugada desta quinta-feira (8), após o desabamento de um muro de contenção feito na divisa de um prédio e uma construção. Ninguém ficou ferido.

Veja o vídeo que o mostra o momento da queda:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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"Achei que fosse ladrão"

"Por volta das 2h, a gente ouviu barulho e achou que fosse ladrão na obra. Ficamos na janela e percebemos que era barulho de coisa despencando. Quando a gente viu, o nosso muro abriu e eu liguei para o Corpo de Bombeiros. Nisso, a Defesa Civil estava aqui e pediu para a gente sair do imóvel", contou a professora Magda Barbosa Roquette, de 63 anos. Ela mora no prédio desde 1990.

Ainda segundo ela, há dez dias, os moradores perceberam uma rachadura no muro. No entanto, eles não encontraram o engenheiro responsável pela obra para repassar o problema. 

"Antes da obra, o engenheiro fez aquela vistoria de prevenção e viu que não tinha problema. Anteontem, eu quis mostrar para o engenheiro o rachadinho, mas não o encontrei a tempo. A construtora está construindo um prédio aqui ao lado, eles têm obra no bairro inteiro e isso nunca aconteceu. Ninguém comete esses erros por querer", afirmou a idosa. 

Vídeo

O microempresário Glaicon Perdigão é um dos moradores da área e flagrou o momento em que o muro desabou. 

"Fui acordado pelo vizinho, alertado para o que estava acontecendo. Fui acompanhando tudo fora de casa. Foi assustador (na hora que o muro caiu), é uma coisa que ninguém espera", afirmou. 

Para ele, a empresa poderia ter tomado providências antes da queda do muro de contenção. 

"Isso vem acontecendo desde outubro. Foi nos informado anteriormente que o terreno ceder era normal porque tirou terra. Eu também acredito que seja normal. Só que eu acho que foi cedendo mais e mais. O que tinha que ser feito, na minha opinião, era ter precavido já. Tomando providências mais rápidas que não foram tomadas", disse.

Área isolada pela Defesa Civil

Uma equipe da Defesa Civil isolou a área em que o muro desabou e realizou uma vistoria. 

"As equipes da Defesa Civil foram comunicadas na madrugada sobre trincas, estalos nas moradias e nós orientamos os moradores a não permanecerem próximo ao local. As equipes avaliaram o risco e, por volta das 6h, nós tivemos a ruptura da estrutura de contenção de uma obra afetando três moradias. Foram feitas vistorias preventivas em todos os imóveis vizinhos, as patologias constatadas são superficiais. Não vislumbramos necessidade de interdição das moradias", explicou o subsecretário de Proteção e Defesa Civil de Belo Horizonte, Waldir Vieira. 

A forte chuva que atinge a capital mineira e cidades da região metropolitana nos últimos dias também pode ter contribuído para o desabamento. 

"A chuva é sempre um fator que contribui para ocorrências desse tipo de queda. O acúmulo de chuva, a infiltração, a deficiência no sistema de drenagens podem sim ter contribuído para que o muro entrasse em colapso", detalhou o subsecretário. 

Veja mais fotos de João Leus:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Vistoria em outubro 

Segundo a Defesa Civil, em outubro do ano passado, o morador de um dos imóveis entrou em contato com o órgão pedindo uma vistoria. Veja as informações na íntegra:

"Em 28/10/2019 a Defesa Civil atendeu o chamado do morador do imóvel situado na Rua Rio Negro, 312, que ladeia a obra, com a finalidade de avaliação dos possíveis riscos construtivos.

A vistoria da época constatou trincas e fissuras no muro de divisa e no piso do corredor de acesso aos fundos do imóvel. No momento da vistoria, as anomalias visualizadas foram classificadas como de risco baixo. 

O morador e o supervisor de obras foram orientados a adotar ações corretivas e a monitorar preventivamente para manter a segurança e estabilidade do local.

Não existem registros de ocorrências e solicitações de vistorias nos imóveis circunvizinhos a obra".

Sobre a ocorrência desta quinta, o órgão passou a situação de casa imóvel. Veja:

Rua Rio Negro, 74 – foi quem acionou a Defesa Civil. A casa principal não foi afetada, imóvel liberado. A casa dos fundos desabou parcialmente, imóvel interditado.

Rua Rio Negro, 86 – As áreas de lavanderia e de churrasqueira desabaram por completo. A estrutura do imóvel não foi afetada, imóvel liberado. 

Rua Rio Negro, 100 – A estrutura de fundações do prédio não foi afetada. Houve o desabamento de parte da garagem, área parcialmente interditada. O imóvel liberado.

Empresa notificada

A empresa responsável pela obra foi notificada e vai ter que apresentar a Defesa Civil um plano de ação em caráter de urgência para que seja restabelecida a normalidade na área. 

A reportagem de O TEMPO aguarda um posicionamento da empresa.

Texto atualizado às 11h