Do sonho ao pesadelo. A casa em que a artista plástica Deyenne Carvalho, 23, morava com a mãe e dois tios em Uberaba, no Triângulo Mineiro, foi incendiada no último domingo (5). O fogo teria se iniciado em um terreno que fica no fundo do imóvel e que pertence a uma grande empresa de transporte de carga. Sem seguro para cobrir o prejuízo que ela calcula ser de pelo menos R$ 3 milhões, os três agora vivem na casa de parentes com as lembranças da residência que, ao poucos, foi sendo construída da forma que eles queriam, ao longo de 20 anos.O incêndio foi noticiado por O Tempo.

Além do prejuízo material, Deyenne Carvalho diz que viu suas lembranças na casa também se transforem em cinzas. “Eu aprendi a nadar na piscina dessa casa, foi nela que fiz minha festa de 15 anos. Está sendo muito difícil”, lamenta. O fogo teria se iniciado por volta de 12h30 daquele. A família, no entanto não estava em casa. 
“Tínhamos saído quando recebemos a ligação de vizinhos contando o que estava acontecendo. Chegamos em casa por volta de 14h30, a casa já estava no chão. Não tinha nada”, contou. Dentre os destroços, uma coleção que se orgulhava de 30 perfumes. Quadros que ela mesma pintou para dar vida à casa e objetos únicos que se perderam. 

“Ficamos desolados quando chegamos no local, está sendo difícil absorver. Tínhamos uma cadeira assinada pelo Clodovil. Roupas de estilistas famosos como a Glória Coelho. Um dos meus tios ficou mais abalado. No dia do incêndio tínhamos finalizado a construção de um deck que ele projetou”, conta Deyenne Carvalho.

Com a casa tendo predominantemente madeira em seu interior, os bombeiros também confirmaram que o fogo se espalhou muito rápido. Da casa de oito cômodos e 1.000 metros quadrados pouco restou. “Nem parece que tinham móveis lá, ficou tudo destruído”, pontua a artista plástica.

Vegetação

Imagens aéreas feitas por familiares de Dayenne Carvalho apontam que o incêndio pode ter se iniciado em um terreno que dá de fundo para casa dela e pertence a VLIm uma grande empresa de transporte de cargas. No local também passa uma linha férrea. A artista plástica afirma que a falta de corte da vegetação por parte da empresa ocasionou a tragédia.

“Há mais de sete anos a gente vem notificando a empresa sobre isso e nada se resolve. Já tentamos entrar na parte deles para fazer a limpeza e pediram que a gente saísse do local”, conta. 

O pouco que sobrou da casa também vai precisar ser demolido. “A Defesa Civil esteve no local e constatou que a estrutura está comprometida. Deram um prazo pra gente demolir a casa”, lamenta a artista plástica.  Com o prejuízo financeiro e afetivo, Deyenne Carvalho espera agora que a empresa de transportes se sensibilize com a situação e dê auxílio à família. “Que arque com os custos. Nós perdemos roupas, sapatos, acessórios, tudo”, lamenta.

Em nota a VLI afirmou ser responsável pela linha férrea que passa próxima à casa incendiada e que "identificou o início de incêndio fora da sua faixa de domínio, em Uberaba, no último domingo (05)". A empresa disse ainda que "acionou o Corpo de Bombeiros em dois momentos e que não havia qualquer atividade da ferrovia no local". A VLI completa ainda que  "as autoridades estão investigando a ocorrência, conforme registro policial".


Bombeiros

As primeiras informações do Corpo de Bombeiros sobre o incêndio, no último domingo (5), era de que a residência atingida pelo fogo se tratava de uma casa de festas. A informação foi noticiada por diversos veículos de imprensa, mas corrigida pela família que afirmou morar no imóvel há mais de 20 anos. “Foi uma informação no momento da emergência, fornecida por vizinhos. E isso é comum de acontecer no calor do momento. As informações vão sendo atualizadas com o passar do tempo”, afirmou o tenente coronel Anderson Passos do Corpo de Bombeiro. 

Ainda de acordo com Passos, queimadas são comuns nessa época do ano e, por isso, é preciso se prevenir. “É uma época crítica, a seca está forte e os ventos também, o que favorece os incêndios”, afirmou.