Em menos de um mês, equipes do Corpo de Bombeiros precisaram atuar na Serra do Curral, em Belo Horizonte, por duas vezes, em datas diferentes, devido a focos de incêndio, sendo o último registro nessa quinta-feira (23). Em conversa com a reportagem de O TEMPO, na manhã desta sexta (24), o 3º sargento Ronaldo Rodrigues Silva, do Pelotão de Combate a Incêndio Florestal (PCFIF) da corporação, alertou que a tendência é que o número de incêndios florestais aumente no Estado.

"Este ano, ainda, apesar da gente não ter fechado o balanço de julho, que o período crítico já está começando uma ascensão, período de estiagem, a gente tem informações que os números são inferiores ao do ano passado. A umidade do ar está  considerável ainda, os incêndios não começaram, mas a expectativa é que, devido ao excesso de umidade, com a vegetação mais alta, esse número de incêndios florestais tende a aumentar. Talvez nem tanto em quantidade, mas em gravidade. Às vezes a gente pode ter até menos registro de incêndio, mas a área queimada pode ser maior do que a do ano passado", explicou o militar.

No incêndio dessa quinta na Serra do Curral, a área queimada foi de aproximadamente três mil metros. Duas equipes, com oito militares ao todo, foram empenhadas, e gastaram seis mil litros de água para debelar o fogo. No dia 28 de junho, um incêndio também atingiu a Serra e 50 hectares de mata foram queimados.

"Os incêndios ali são recorrentes nesta época do ano e eles tem início por ação humana. Geralmente, eles começam na beira de estrada ou por pessoas que invadem a área do parque. A Serra do Curral é o cartão de visita de Belo Horizonte. Tem o impacto do ponto de vista turístico e da fauna e a flora. Ali a gente tem animais e plantas nativas da região e, quando há o incêndio florestal, ele acaba diminuindo a riqueza do local. Felizmente este ano, durante as atuações dos bombeiros, não foi identificada nenhuma carcaça de animal nativo, mas a gente sabe que durante os incêndios florestais animais menores, como pássaros e pequenos répteis, eles vão ao incêndio e não temos condições de identificar as carcaças dos animais", detalhou o sargento.

"Operação Azimute"

Em uma iniciativa do PCFIF, via o comando do Corpo de Bombeiros, os militares fazem levantamentos acerca dos parques mineiros. A ação tem como objetivo ajudar no combate aos focos do incêndio. 

"Fazemos levantamentos dos pontos de água, de reincidência de focos de incêndio, locais de pontos de lixo deixados pela população. O Corpo de Bombeiros tem monitorado constantemente a Serra do Curral, Parque Estadual do Rola Moça, Serra da Moeda, Serra do Cipó e outras serras ao redor de Belo Horizonte. Essa operação, denominada 'Operação Azimute, teve início desde o fim do período de estiagem do ano passado até o início de estiagem deste ano. Todos os dias vamos aos parque e recolhemos as informações. Esse prévio mapeamento das áreas, as trilhas que têm na área tem ajudar não só no combate ao incêndio florestal, mas também nas buscas por pessoas desaparecidas", pontuou o bombeiro.

Veja os atendimentos da corporação:

Conscientização 

A ação humana interfere diretamente nos pontos de incêndio. Por esse motivo é necessário a conscientização da população. "O alerta que a gente emite sempre é de preservar a natureza, não deixar lixo nos parques, não deixar resquícios de fogueira e apelar para a boa vontade das pessoas para que elas não cometam erros como jogar guimbas de cigarro em beira de estradas ou provocar incêndios criminosos. Todo mundo perde com isso", finalizou o militar.

Quem presenciar um incêndio criminoso pode denunciar pelo telefone 180. O denunciante não precisa se identificar.