Pai da escrivã da Polícia Civil Rafaela Drumond, Aldair Drumond revelou, em entrevista à FM O TEMPO, nesta quarta-feira (21), que considerou inadequada a forma como um promotor de Carandaí, no Campo das Vertentes, o tratou. A situação teria ocorrido após Aldair questionar o andamento das investigações sobre as denúncias de assédios moral e sexual que teriam sido sofridos pela agente, que comeu suicídio.

“Ele [promotor] falou: ‘Você tem que deixar sua filha sossegada, em paz. Você está fazendo muito barulho’”, contou Aldair. “Eu fiquei muito triste, não era para ele falar uma coisa dessas. No meu ponto de pensar, senti como uma ameaça para parar [de cobrar as investigações], para não fazer barulho”, prosseguiu Aldair.

O pai da escrivã, que protestou na praça Sete, cartão-postal de Belo Horizonte, nesta quarta (21), também pede que a investigação sobre o caso seja transferido da promotoria de Carandaí para a da capital mineira. “Os assédios moral e sexual que ela sofreu têm que ser investigados, e tem que em Belo Horizonte. Se for em Carandaí, não vai ter justiça”, relatou. 

Aldair também conta que pode estar até “correndo risco de vida ao expôr” essa situação. “Minha morte, neste caso, é honra. Não sou um pai covarde de não lutar pela minha filha. Com certeza ela sofreu muita pressão psicológica dentro da delegacia. Com base no que o promotor falou comigo, é um reflexo de todos os que trabalham ali”, completou. 

O promotor citado por Aldair Durmond é Rodrigo Silveira Protasio. Em nota, o Ministério Público de Minas Gerais respondeu que o promotor "não confirma o teor das declarações". 

"O MPMG instaurou procedimento administrativo por meio do qual acompanha os trabalhos de investigação da Polícia Civil. Após a finalização das investigações, o MPMG irá analisar as conclusões do inquérito policial e determinar as medidas cabíveis", completou a nota. 

A morte de Rafaela

Rafaela Drumond foi encontrada morta, aos 32 anos, pelos seus pais na casa da família em Sá Forte, distrito de Antônio Carlos, na região do Campo das Vertentes. A escrivã era lotada no município de Carandaí.

O caso é investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais. Conforme a instituição, um procedimento disciplinar e um inquérito policial foram instaurados para apurar as denúncias referentes aos fatos.

“A Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária (SIPJ), por meio da Inspetoria-Geral de Escrivães, além de uma equipe da Diretoria de Saúde Ocupacional (DSO), do Hospital da Polícia Civil (HPC), estão no município de Carandaí para acolhimento e atendimento dos servidores”, disse a instituição afirmando que prestou condolências aos familiares, amigos e colegas da escrivã.