Dois meses depois de a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) regulamentar a lei 11.149, que criou um projeto de inclusão de população de rua no mercado de trabalho, 75 pessoas conseguiram um emprego e outras 12 devem ser contratadas nos próximos dias por empresas e entidades socioassistenciais parceiras do Programa Estamos Juntos. Nesta quarta-feira, a administração municipal anunciou a criação do Selo de Responsabilidade Social, que foi entregue às 14 instituições da iniciativa privada que aderiram à iniciativa.
As oportunidades criadas até agora pelo projeto da PBH contemplam principalmente pessoas que estão em abrigos e programas habitacionais, ou seja, que estão em processo de saída das ruas. As 82 vagas abertas representam apenas 1,7% das cerca de 4.800 pessoas que vivem em situação de rua na capital. Os beneficiados, segundo a prefeitura, foram identificados após mapeamento em abrigos, onde foram encontrados 240 indivíduos em idade produtiva e com interesse na reinserção no mercado de trabalho.
A meta, segundo a secretária Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Maíra Colares, é que, até 2020, o número de oportunidades de emprego abertas no Programa Estamos Juntos chegue a 200. “Obviamente, que isso vai depender muito da adesão do mercado privado. Então é importante que a gente tenha a participação das empresas”, afirmou a secretária.
Durante coletiva de imprensa, o prefeito Alexandre Kalil também comentou sobre o papel do setor produtivo no enfrentamento do desemprego entre a população que vive nas ruas de BH. “O projeto é prova cabal do entendimento de que a prefeitura precisa muito do empresariado”, declarou.
Coordenadora de desenvolvimento organizacional da Construtora Terraço, uma das parceiras do Programa Estamos Juntos, Etiene Azevedo avalia que a experiência de empregar moradores de rua tem sido positiva. Atualmente, a empresa tem seis profissionais contratados por meio do projeto. “Percebemos que poderíamos fazer um trabalho social e ao mesmo tempo desenvolver um lado estratégico interno porque essas pessoas têm mais facilidade para o aprendizado e são mais comprometidas”, afirma Etiene.
Além de emprego, o programa da prefeitura também busca parcerias para oferecer qualificação profissional. Até agora, foram abertas 116 vagas em cursos de confeitaria, gastronomia e panificação.
BH terá novo abrigo para mulheres
Com um único abrigo disponível em toda a cidade para receber mulheres em situação de rua, Belo Horizonte deve inaugurar, em dezembro, um novo centro de acolhimento exclusivo para o público feminino. A ordem de serviço para implantação da unidade foi assinada hoje, com previsão de investimento anual de cerca de R$ 1 milhão. O novo espaço terá capacidade para receber 50 mulheres.
Outras três unidades de acolhimento de famílias vão passar por reformas. A previsão é de que, nos próximos três meses, os abrigos Granja de Freitas, Pompeia e Maria Maria tenham obras de nas redes elétrica e hidráulica, telhados, pintura e adequação em muros, quadra esportiva e sistema de drenagem. Inauguradas na década de 1990, os centros de acolhimento ainda não haviam passado por manutenção.