Em análise

PBH avalia proibir uso de dinheiro físico para pagar passagens de ônibus

Viabilidade técnica e jurídica da retirada do dinheiro a bordo do transporte foi discutida durante reunião do GT Mobilidade, realizada nesta terça-feira (30)

Por Pedro Nascimento
Publicado em 30 de agosto de 2022 | 17:20
 
 
 
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O uso de dinheiro físico para pagar pela passagem de ônibus pode estar com os dias contados em Belo Horizonte. Durante uma reunião do grupo de grupo de trabalho para debater a mobilidade urbana na capital (GT-MOBBH), realizado nesta terça-feira (30), a prefeitura de Belo Horizonte concordou em avaliar a viabilidade técnica e jurídica da proposta, que tem apoio do Sindicato das Empresas de Ônibus (Setra-BH).

A intenção do sindicato é que o sistema em Belo Horizonte opere 100% com uma bilhetagem eletrônica, através dos cartões de vale-transporte. Apesar de o contrato com a prefeitura não prever nenhuma restrição à medida, a Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (SUMOB) informou que vai analisar a possibilidade, uma vez que outras tentativas de implantar essa restrição pelo país foram barradas pela Justiça.  Os estudos sobre a proibição do uso do dinheiro foram autorizados pelo Secretário Municipal de Política Urbana, João Antônio Fleury.

Desde o mês passado, a recarga do Cartão BHBus pode ser feita por meio do aplicativo BHBUS+, no Pix. O valor mínimo permitido é de R$ 10, e o máximo, de R$ 65. Além disso, o cartão de passagem também pode ser recarregado na bilheteria das estações do Move e também do metrô. Segundo o Setra-BH, o dinheiro físico representa apenas 18% das passagens que são pagas. Os outros 82% são feitos através do cartão de vale-transporte.

Em nota, a prefeitura de Belo Horizonte  disse que a discussão sobre o assunto ainda é ‘embrionária’.

Motoristas aprovam

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTR-BH), Paulo César da Silva, a retirada da bilhetagem é uma demanda dos motoristas, que se cansaram de exercer a dupla função de cobrar e dirigir desde que os trocadores foram retirados dos ônibus, em 2016.

“Seria melhor a volta do cobrador no ônibus, mas sabemos que isso é uma demanda praticamente impossível no momento. Mas eu creio que a retirada do dinheiro na cobrança da passagem é benéfica, pois é menos uma função imputada ao motorista, o que, com certeza, vai trazer mais tranquilidade e menos desgaste pro nosso trabalhador”, avalia.

Desde que a função de cobrar pela passagem de ônibus recaiu sobre o motorista, o STTR-BH alega que o número de afastamentos do trabalho por problemas psicológicos aumentou. “Aqui no sindicato, a demanda por atendimento com a nossa psicóloga cresceu bastante, por conta do adoecimento dos profissionais e da sobrecarga de trabalho”, diz o presidente do sindicato.

Apesar de benéfica para a saúde, a mudança na cobrança da passagem pode ser ruim para o bolso dos motoristas, que deverão perder o abono pago pelas empresas de ônibus.“A partir dessa medida, as empresas certamente vão alegar que estão fazendo investimentos em tecnologia e com certeza esse valor deverá deixar de ser pago”, avalia.

Atualmente, os motoristas das linhas normais recebem um abono de 15% sobre o salário para exercer a função de cobrador. Os motoristas de ônibus articulados recebem 20% a mais. Hoje, o piso salarial de um motorista é de R$ 2.549,67

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