Terminado o prazo para que as empresas de ônibus da capital apresentassem à BHTrans o relatório comprovando a contratação de 500 cobradores para atuar no transporte coletivo de Belo Horizonte, a prefeitura da capital vai intensificar, a partir desta terça-feira, as fiscalizações nos veículos da cidade nas 50 linhas em que o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH) garantiu a contratação de 501 agentes de bordo no último mês.

Apesar do acordo feito durante as negociações do último reajuste de tarifa na capital prever a contratação de novos cobradores a partir de fevereiro, de acordo com a PBH, apenas 190 novos agentes já estão trabalhando. No final de agosto, o prefeito Alexandre Kalil determinou, sob pena de impedimento do reajuste das tarifas no próximo ano, a contratação imediata dos agentes de bordo. 

Por meio de nota, a BHTrans informou que recebeu nessa segunda-feira (30) a relação dos nomes dos novos cobradores. Ainda segundo a empresa, será montada uma operação de fiscalização específica nas linhas e horários que estão definidos na relação enviada pelo sindicato. Na próxima semana, as empresas deverão enviar um relatório semanal para a prefeitura para comprovar a permanência dos cobradores e as linhas onde estarão operando.

Procurado, o Setra-BH apenas se limitou a dizer que contratou em setembro os 500 agentes de bordo. 

Legislação

Por lei, todos os ônibus convencionais devem circular com o motorista e um agente de bordo, exceto das 20h30 às 5h59. No entanto, somente no primeiro semestre deste ano, segundo a BHTrans, mais de 5.000 multas foram emitidas pela falta de cobrador na cidade. O valor da multa para esse tipo de infração é de R$ 688,51. Em 2018, foram 9.379 autuações. O valor acumulado das autuações chega a R$ 10 milhões. 

O estudante de direito André Maciel, de 24 anos, usa todos os dias a linha 9103, que liga os bairros Santa Tereza e Santo Antônio. Segundo ele, a ausência dos trocadores é sinônimo de atraso nas viagens e transtorno. “O motorista tem que dividir sua atenção entre dar o troco, verificar quem pagou e, o mais importante, se manter atento ao trânsito”, queixou-se.

Em agosto, mesmo sem os cobradores nos coletivos, as empresas de ônibus da capital afirmaram que estudavam pedir no fim do ano um novo reajuste nas tarifas. Alegando prejuízos financeiros e a possibilidade de aumento a cada 12 meses, conforme contrato, as concessionárias afirmaram que o índice a ser proposto dependia da inflação e não deveria ser significativo.

À época, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), Joel Paschoalin, destacou que o volume de usuários no sistema diminuiu. Além disso, segundo ele, pesava no bolso das concessionárias a instalação de ar-condicionado em 45% da frota. Os novos ônibus foram um dos termos acordados com o Executivo, em dezembro passado, para que o bilhete passasse de R$ 4,05 para os atuais R$ 4,50.

Cobradores

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de BH, estima-se que houve pelo menos 5.000 demissões de agentes entre o ano passado e este ano.