Belo Horizonte se prepara para testar mais uma vez o funcionamento de um ônibus elétrico no transporte coletivo. Um novo modelo, fabricado pela empresa chinesa BYD e feito sob medida para a capital mineira, começará a circular, provavelmente, na última semana de março.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) diz que a expectativa é que 25 veículos 100% elétricos sejam incluídos na frota por meio da captação de recursos internacionais. Mas a BHTrans afirma que, “primeiramente, é apenas um teste”.
Cada coletivo sustentável custa cerca de R$ 650 mil, enquanto um convencional sai por R$ 430 mil. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) informou que as concessionárias estão de acordo com o teste, mas não se manifestou sobre a possível inclusão dos ônibus 100% elétricos na frota da capital.
Além de não emitir gases de efeito estufa na atmosfera, o veículo é silencioso e vibra menos. Segundo o gerente nacional de vendas da BYD, Silvestre Sousa, o rendimento também é maior, e o custo operacional, menor.
O teste
Para avaliar o desempenho do veículo sustentável, será feito o chamado “teste sombra”. “O ônibus elétrico vai acompanhar um ônibus convencional nas vias, fazendo o trajeto da linha, buscando os passageiros normalmente. Vamos comparar os dois para fazer um estudo mais aprofundado”, explicou o gerente de Ações de Sustentabilidade da SMMA, Dany Amaral. O experimento deve durar 60 dias, segundo ele.
A BHTrans informou que o ônibus fará o teste no sistema de transporte convencional, operando, a princípio, em dez linhas – uma semana em cada. O órgão não informou quais linhas são essas.
O modelo
Em 2015 e 2016, durante a gestão do então prefeito Marcio Lacerda, a BHTrans chegou a testar veículos elétricos, também fabricados pela BYD, em linhas convencionais e suplementares. A empresa chinesa é a mesma que vendeu ônibus elétricos para as prefeituras de São Paulo e Campinas.
A atual gestão afirma que, agora, o teste será diferente. “Naquela época, foi apenas uma avaliação pontual, e não houve aprimoramento”, explica Amaral.
Gerente da BYD, Silvestre Sousa explica que, desta vez, o ônibus foi projetado exclusivamente para BH, com capacidade para subir morros. “O anterior era um ônibus chinês. Este é um ônibus nacional, fabricado em Campinas, projetado no padrão BHTrans. A altura do veículo é regulável, os pneus são mais elevados, tudo para poder circular na cidade sem problemas”, comentou.
Segundo a BHTrans, ele virá equipado, inclusive, com sistema de telemetria (sistema que coleta e armazena dados para gestão da frota), “o que dará maior precisão à execução dos testes”.
Viagem de Campinas a BH
Uma operação está sendo montada para que o ônibus 100% elétrico saia de Campinas (SP) e venha rodando pela primeira vez até a capital mineira – das outras vezes, ele foi transportado por caminhão. Como não há pontos de abastecimento próprios no caminho, a Cemig Sim, que lida com energia renovável, terá que instalar duas unidades de apoio.
“Vamos fazer uma parada em Pouso Alegre (Sul de Minas) para reabastecer, e a Cemig também vai deixar preparado um ponto de abastecimento em Perdões (no Centro-Oeste de Minas), caso seja necessário”, detalhou o gerente de vendas da BYD, Silvestre Sousa.
Entraves
Os custos de implementação dos veículos elétricos são os maiores empecilhos. Segundo a prefeitura, a BHTrans fez um levantamento de preços e aguarda o teste para a captação de dinheiro. O município não informou quais são as possíveis fontes de recursos.
Segundo Sousa, as condições de compra atuais estão melhores. “Os sistemas de financiamento hoje melhoraram. Nós também alugamos as baterias, que são a parte mais cara”, explicou o gerente da BYD.
Prêmio
A tentativa de tornar o transporte coletivo mais sustentável está entre as iniciativas que deram a Belo Horizonte o Prêmio Internacional de Reconhecimento em Ações e Transparência Climática. O título foi dado hoje em São Paulo pela organização internacional CDP, que estimula empresas e governos a reduzirem a emissão de gases de efeito estufa e proteger florestas e recursos hídricos. Ao todo, 105 países foram premiados