A Polícia Civil desmantelou uma quadrilha que dava golpes na venda de veículos em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. O grupo tinha escritórios e uma empresa na capital. Eles viviam uma vida de luxo com mansões e carros de alto padrão. O caso foi apresentado nesta sexta-feira (14). 

"Eles republicavam anúncios de venda de veículos, sem a autorização do proprietário. Nas publicações, os criminosos vendiam os carros a preço de mercado, mas ofereciam condições de venda mais favoráveis para atrair a vítima. Quando chegava ao local, o comprador descobria que a venda do carro não era direto, mas sim por meio de uma carta contemplada - consórcio de crédito no valor de um veículo - que ele tinha que dar uma quantia como sinal, para que a carta fosse passada para o nome da vítima", explicou a delegada Ana Paula Kich Gontijo. 

Segundo ela, o valor desse "sinal" variava de acordo com o valor do carro. O valor era transferido para conta de "laranjas" - ou seja pessoas que emprestavam suas contas para que o roubo fosse cometido. A vítima pagava o valor, era estipulado um preço para ela receber a carta, mas isso nunca acontecia. 

A quadrilha movimentou cerca de R$ 3 milhões. "Eles tinham empresas, lojas bem estruturadas, luxuosas, com vendedores bem apresentados, educados, bem vestidos e toda essa estrutura transparecia uma segurança da empresa para as vítimas. Então elas se sentiam seguras para fechar o negócio: assinavam o contrato e davam o pagamento”, pontua a delegada.

Quatro dos cinco líderes da organização criminosa foram presos e um deles está foragido.  "Os criminosos tinham uma vida de luxo, morando em casas de alto padrão e só se deslocando em veículos de luxo. A vida que eles levavam era completamente incompatível com o valor que eles declaravam", complementa a delegada. 

A Polícia chegou até os suspeitos após a extorsão e sequestro de um ex-vendedor da quadrilha.  O homem, segundo a polícia, percebeu a proporção da atuação dos criminosos ao ver a quantidade de vítimas que estava caindo no golpe. “Ele não se sentiu bem em continuar no trabalho de vendedor, pediu para se retirar da empresa e, para se retirar, foi exigida a quantia de R$ 20 mil. Ele pagou R$ 10 mil e deixou um veículo como garantia do pagamento restante”, ocntou a delegada. 

No entanto, passado o prazo para pagar o restante, a quadrilha organizou uma emboscada, já que o carro estava em nome da mulher da vítima. "Na ocasião dos fatos, os investigados deixaram o ex-funcionário preso dentro de um carro enquanto, sob coação, obrigaram a esposa da vítima a acompanhá-los para realizar a transferência do veículo. A transação não foi efetivada, pois, por meio de denúncia de um familiar da vítima, os suspeitos foram presos em flagrante", concluiu a Polícia Civil.