Greve das Forças de Segurança

Penitenciárias de Minas Gerais viraram “barris de pólvora”

Situação pode piorar se um dos lados não ceder, prevê especialista a respeito de rebeliões em prisões. Entre anteontem e ontem, foram registrados ao menos três motins

Por Vitor Fórneas
Publicado em 09 de março de 2022 | 03:00
 
 
 
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“Se um dos lados não ceder, a situação pode piorar”. A análise do especialista em segurança pública Jorge Tassi é sobre os recorrentes motins em penitenciárias mineiras, que viraram “barris de pólvora” após o início da paralisação das Forças de Segurança do Estado, em 22 de fevereiro. Somente entre anteontem e ontem, foram registrados pelo menos três motins em unidades prisionais do Estado. A categoria, que reivindica a recomposição salarial de 24% prometida pelo governador Romeu Zema (Novo), fará nova manifestação hoje, no centro de Belo Horizonte.

O caso mais recente foi no presídio de Janaúba, no Norte, ontem. Os detentos querem que os servidores voltem a trabalhar, para que os banhos de sol e as visitas de familiares retornem, enquanto a categoria afirma que a greve só acaba após a demanda ser atendida.

Diante do impasse, a situação tende a piorar, conforme analisa Jorge Tassi. “Há uma dificuldade muito grande entre as partes para se chegar a uma solução. Tem que haver diálogo, senão o crime organizado se fortalece e acaba gerando toda esta movimentação que temos visto nos presídios. A bandeira dos presos é a luta pelos direitos que possuem, e isso faz com que o Estado se diminua e instaure o caos na sociedade”, analisa.

Luiz Gelada, presidente da Associação Mineira dos Policiais Penais e Servidores Prisionais, explicou que os presos não estão sendo atendidos na totalidade, devido ao regime de plantão implantado com a greve, e é questão de tempo para que a situação se espalhe por todo o Estado: “Se as cadeias se rebelarem, todos nós sabemos o que pode acontecer, visto a fragilidade do sistema”. 

Segundo ele, a paralisação continua, e a tendência é que os motins aumentem, pois os presos deixaram claro que não aceitarão as atuais condições. “E, do lado de cá, estamos irredutíveis”, afirmou. 

Janaúba

Não houve feridos no motim de ontem, em Janaúba, onde presos queimaram colchões. “Estamos trabalhando com número bem reduzido de policiais penais”, informou um servidor, sob condição de anonimato.

Já a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública afirma que o fato não passou de uma “situação de subversão da ordem promovida por presos de duas galerias”, sem impacto na rotina da unidade prisional.

Efetivo é baixo, segundo o sindicato dos policiais penais


Diferentemente dos motins em unidades de diversas regiões do Estado, a Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana, “vem funcionando dentro da normalidade”, segundo o juiz Wagner Cavalieri, da Vara de Execuções Criminais da Comarca da cidade. “Não tenho informação de motim”, afirma.

Segundo ele, no último fim de semana, os presos se rebelaram pela má qualidade da alimentação. “O governo anterior fechou a cozinha da penitenciária, e alertei que seria problemático. Produzir a alimentação fora daqui exige logística muito complicada. A comida, às vezes, chega azeda até o destinatário. Temos recebido muitas reclamações”, disse.

Assim como o especialista Jorge Tassi, o magistrado compreende a legalidade da greve das Forças de Segurança, mas defende o respeito dos direitos dos detentos. “A visitação está diminuída não só pela Covid-19, o mesmo tem acontecido com o atendimento aos advogados. Tudo é reflexo da paralisação”, disse o juiz.

Presos têm direitos, diz juiz 

Diferentemente dos motins em unidades de diversas regiões do Estado, a Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana, “vem funcionando dentro da normalidade”, segundo o juiz Wagner Cavalieri, da Vara de Execuções Criminais da Comarca da cidade. “Não tenho informação de motim”, afirma.

Segundo ele, no último fim de semana, os presos se rebelaram pela má qualidade da alimentação. “O governo anterior fechou a cozinha da penitenciária, e alertei que seria problemático. Produzir a alimentação fora daqui exige logística muito complicada. A comida, às vezes, chega azeda até o destinatário. Temos recebido muitas reclamações”, disse.

Assim como o especialista Jorge Tassi, o magistrado compreende a legalidade da greve das Forças de Segurança, mas defende o respeito dos direitos dos detentos. “A visitação está diminuída não só pela Covid-19, o mesmo tem acontecido com o atendimento aos advogados. Tudo é reflexo da paralisação”, disse o juiz. 

 

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