Coronavírus

Pesquisa vai traçar perfil de infectados pela Covid-19 em distrito de Ouro Preto

Pesquisadores da UFOP vão fazer quatro rodadas de testes - uma a cada 21 dias - para mapear a situação da transmissão do coronavírus na região

Por Thaís Mota
Publicado em 02 de agosto de 2020 | 20:20
 
 
 
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Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) pretende traçar o perfil de pacientes infectados pelo coronavírus em Antônio Pereira, distrito da cidade de Ouro Preto, na região central de Minas. “Trata-se de um inquérito sorológico que busca entender bem a dinâmica de circulação do vírus na região e dar subsídio para a tomada de decisões da prefeitura”, explicou a médica infectologista Carolina Ali Santo, que faz parte de dois grupos de pesquisa que coordenam o estudo e também integra o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 tanto da Ufop quanto da prefeitura de Ouro Preto

Ela explicou a iniciativa surgiu do fato de que foi no distrito de Antônio Pereira que onde foram diagnosticados os primeiros casos de coronavírus no município. Além disso, por ser uma área de mineração e que recebe muito trabalhadores de fora, também apresenta alta taxa de transmissão. Inclusive, por conta do alto índice de contaminações, o Ministério Público acionou a prefeitura e a mineradoras para que fossem tomadas providências.

“As mineradoras começaram a testar um grande número de funcionários, mesmo os assintomáticos dentro dos protocolos de investigação das próprias empresas. E então começaram a surgir novos casos e o Ministério Público solicitou à Prefeitura uma ação na região para conter a transmissão. E então, a gente conseguiu uma doação de testes e eu pensei em utilizar em Antônio Pereira”, disse a infectologista. 

Ainda de acordo com Carolina, a proposta do estudo é, não só testar os moradores de Antônio Pereira, mas analisar os resultados encontrados. “Será feita a testagem em quatro períodos - com espaçamento de aproximadamente três semanas entre testagens - e com isso a gente consegue entender se os casos estão aumentando ou tendendo a estabilidade”, explicou. Além disso, os pesquisadores vão aplicar um questionário a todos os testados com perguntas sobre histórico de saúde, hábitos alimentares e mudanças durante o período da pandemia.

Todos os habitantes testados serão definidos de maneira aleatória para que, segundo a médica e pesquisadora, o resultado final da pesquisa seja representativo de toda a população do distrito - que é de cerca de 3.500 habitantes. A previsão é de que o estudo seja concluído ainda neste ano. 

Antônio Pereira integra a Zona de Autossalvamento (ZAS) da mineradora Vale, por conta do risco de rompimento da barragem de Doutor, pertencente à Mina de Timbopeba, em Ouro Preto. Em abril desse ano, parte da população precisou ser evacuada por conta de uma decisão da Justiça.

Pesquisa

Ao todo serão realizados 500 testes rápidos One Step Covid-19, que identifica a presença de anticorpos relativos ao novo coronavírus a partir da coleta de sangue do paciente. Todos esses testes foram importados e doados pela empresa mineira Celer Biotecnologia. 

Em parte dos pacientes, os resultados serão confrontados com os testes no método Elisa, que detecta a presença de anticorpos contra o vírus em laboratório, por meio de uma reação enzimática; imunoensaio quimioluminescente (CLIA). Esse teste é feito a partir de amostras de secreções coletadas das vias respiratórias. “Vamos fazer em parte dos pacientes o teste Elisa para complementar a pesquisa”.

A proposta era iniciar a pesquisa já a partir desta semana, mas os pesquisadores decidiram adiar para o final do mês enquanto aguardam recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com bolsas para mestrandos e doutorandos que integram o projeto. Além dos pesquisadores, o estudo contará com o apoio da prefeitura por meio da participação de agentes comunitários de saúde que vão acompanhar a visita aos domicílios. 

Atualmente, Ouro Preto tem 301 casos de coronavírus e seis mortes, conforme o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) na última sexta-feira (31). A SES-MG mudou a forma de divulgação dos dados sobre coronavírus no Estado e, nos boletins divulgados aos sábados e domingos, não traz mais dados detalhados das cidades mineiras.

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