A empresa que organizou o show da cantora sertaneja Marilia Mendonça na noite dessa segunda-feira (7) em Belo Horizonte poderá ser responsabilizada civil, penal e administrativamente pelos danos causados, segundo o porta-voz da Polícia Militar (PM), major Flávio Santiago, que encaminhou um relatório circunstanciado das ocorrências ao Ministério Público.
Major Santiago mostrou documento enviado pela organização do show. Foto: Alex de Jesus/O Tempo
De acordo com o militar, a empresa de eventos Eduardo Pepato encaminhou ofício à Prefeitura de Belo Horizonte no dia 3 deste mês anunciando a realização de um documentário com público estimado de 20 mil pessoas na Praça da Estação, omitindo que se tratava do show de Marília Mendonça, que arrasta multidões.
Depois, segundo o major, a organização do evento, já alertada pela prefeitura que a praça não comportaria 20 mil pessoas, fez um novo ofício, encaminhado à PM, com público estimado de 15 mil pessoas.
No entanto, a PM estima que mais de 50 mil pessoas compareceram ao show. Houve uma séries de transtornos e crimes antes, durante e após a apresentação.
Somente no último final de semana, segundo o major, a PM foi informada pela organização do evento que o nome de Marília Mendonça não havia sido informado por uma questão de estratégia.
"A Polícia Militar e prefeitura tiveram pouquíssimo tempo para restruturação dos seus trabalhos. A PM começou uma ação de inteligência e de monitoramento do evento. Não embargamos o evento porque teríamos um problema maior de segurança pública, muito maior do que foi", disse o major.
Veja um trecho da coletiva:
Ao todo, foram 46 boletins de ocorrência e 14 presos, cinco deles por liderar arrastões. Outros foram presos por tráfico de drogas. Duas pessoas foram esfaqueadas, uma antes do show, envolvendo briga entre moradores de rua, e outra vítima esfaqueada após o show, numa tentativa de roubo.
Praça da Estação amanheceu com rastro da bagunça. Foto: João Leus / O Tempo
O subsecretário de fiscalização da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, José Mauro Gomes, lamentou os danos na Praça da Estação, que passou por reforma recentemente, e informou que os danos serão levantados e o relatório encaminhado ao Ministério Público para as devidas providências.
Outro lado
Em nota enviada à imprensa, a equipe da cantora informou que ela "lamenta profundamente os fatos relatados e reforça que o projeto é uma maneira de retribuir ao seu público, através do show gratuito, o carinho que recebe dos fãs. A cantora lamenta ainda o fato de que infelizmente, esse tipo de situação tem se tornado rotineira em eventos, pagos ou não, que acumulam um grande número de pessoas no Brasil."
Além disso, a nota frisa o contato com as autoridades. "Todas as autoridades locais são previamente avisadas e as autorizações solicitadas aos órgãos de segurança local, que libera o alvará para a realização do evento. Em cada cidade é feita uma estimativa de público, que dependendo do local, pode ser maior ou menor. Em Belo Horizonte, além das equipes da Policia Militar e da Guarda Civil, a produção da cantora contratou um contingente de mais 100 seguranças privados, além de seguir todas as orientações das autoridades locais", informou.
A Nenety Produções também informou, por nota, "que adotou todos os procedimentos necessários para a realização do evento na Praça da Estação, como, cercamento dos jardins, montagem de barricadas para garantir a segurança do público e profissionais que estavam trabalhando no local, contratação de empresa de segurança privada, acionamento dos órgãos de segurança pública, contratação de empresa de limpeza privada", informou.
"O dimensionamento de público foi de 15 mil pessoas, conforme ocorreu nas outras 15 capitais que receberam a turnê anteriormente. Ademais o evento foi divulgado apenas pelas redes sociais da cantora e do produtor local horas antes do show, em plena segunda-feira", completou.