Agilidade

Polícia de Minas compra aparelho de R$ 1 milhão que identifica bebida adulterada

Análise do produto, que levava até uma semana, agora pode ser feita em minutos

Por Camila Kifer
Publicado em 13 de outubro de 2021 | 16:33
 
 
 
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O Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais adquiriu um equipamento, no valor de R$ 1 milhão, para as análises de verificação de supostas bebidas adulteradas. A necessidade surgiu após o caso de intoxicação pela substância dietilenoglicol encontrada na cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer, que resultou na morte de dez pessoas no Estado.

Segundo a perita criminal da seção técnica de física e química legal do Instituto de Criminalística Renata Fontes Faraco, o aparelho foi adquirido por meio de recursos do Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério Público de Minas Gerais. 

“A verba para esse equipamento e para a aquisição de outros acessórios necessários para o funcionamento, como freezers e refrigeradores, nós conseguimos graças à parceria e confiança que o Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério Público de Minas Gerais, depositou no nosso trabalho”, explica.

Na prática, o equipamento vai agilizar o processo de análise de uma bebida suspeita. Se antes os peritos criminais levavam, em média, até uma semana, agora o resultado sairá em questão de minutos, como explica o perito criminal Pablo Alves Marinho.

“Podemos analisar bebidas comerciais fermentadas e destiladas. No caso das destiladas, a gente pega 30ml da amostra e injeta diretamente no equipamento, que vai monitorar seis parâmetros: densidade, PH, cor, turbidez, extrato e teor de álcool. Em questão de 5 minutos a gente tem um perfil químico da bebida. Por aí, vamos ter o perfil físico e químico da amostra. Vamos saber a composição química da amostra. Essa composição é comparada com a composição da bebida suspeita”, explica.

Dessa forma, é possível identificar se a bebida foi adulterada antes ou após deixar a fábrica. 

Caso Backer

Quando o caso da suspeita de intoxicação pela Belorizontina surgiu e a Polícia Civil precisou analisar a bebida, as amostras da cervejam foram enviadas para o Distrito Federal, único no país a contar com essa tecnologia.

Renata Fontes Faraco explica que o equipamento é a única forma de comprovar que uma bebida sofreu adulteração antes de ser lacrada. 

“Com esse exame, a gente consegue garantir que uma garrafa de cerveja estava realmente lacrada e não violada. Esse foi o grande diferencial que precisamos de utilizar no caso da cervejaria Três Lobos (Backer). Precisávamos de garantir que as garrafas estavam lacradas e que, por tanto, o caso de intoxicação pelas substancias ocorreu dentro da cervejaria, e não após sair de lá”, esclarece.

Agora, além do DF, Minas Gerais é o único Estado no país a contar com essa tecnologia.

Bebidas adulteradas 

Procurada pela reportagem, que questionou o número de ocorrências relacionadas a adulteração de bebidas registradas nos últimos três anos, a Polícia Civil informou que os dados são disponibilizados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

A Sejusp disponibiliza alguns dados em seus sites, mas, em casos de levantamento específico, o órgão pede um prazo de quatro dias para encaminhar os dados. Dessa forma, até o fechamento dessa edição, não foi possível identificar os números relacionados a esse tipo de ocorrência no Estado. 

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável pela fiscalização dessas cervejarias, também foi procurado pela reportagem, mas ainda não se posicionou sobre o número de denúncias registrada em Minas.

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