Cultura

Portaria com regras para reabertura de cinemas em BH deve sair até 30 de outubro

PBH sinaliza reabertura de espaços culturais como cinemas, teatros e casas de shows, inicialmente com 50% de ocupação

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 13 de outubro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Prestes a completar sete meses parado, o setor de eventos em Belo Horizonte recebeu uma centelha de esperança na última semana. Em reunião com representantes da área, a prefeitura da capital se comprometeu a finalizar protocolos de abertura e afirmou ser possível iniciar a retomada de algumas atividades ainda em outubro.

Depois de liberar museus e galerias, os próximos devem ser cinemas, teatros e outros espaços em que o público permaneça sentado.

“Os protocolos foram discutidos com os setores e estão em fase final de elaboração. Assim que tivermos condições sanitárias e os indicadores permitirem, vamos publicar a portaria, o que esperamos que aconteça até 30 de outubro”, afirma a secretária municipal de Cultura, Fabíola Moulin. 

A taxa de transmissão da Covid-19 na cidade continua subindo, portanto não há garantia de que os eventos poderão retornar neste mês. Mesmo assim, espaços culturais da cidade aguardam com expectativa a oficialização dos protocolos e já operam mudanças para voltar a receber o público.

No Palácio das Artes, por exemplo, foram instaladas placas alertando sobre distanciamento nas galerias, e a gestão começa a imaginar os novos formatos para espetáculos.

“Nós nos preparamos para espetáculos híbridos, em que teremos apresentações no palco, com plateia mais reduzida, e a possibilidade de transmissão e venda de ingressos para assistir remotamente. Várias instituições do mundo fazem isso já há muito tempo, como a Filarmônica de Berlim”, diz a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras.

Uma proposta inicial da prefeitura prevê redução em 50% da capacidade de pessoas sentadas nos espaços, o que pode inviabilizar os maiores espetáculos no Grande Teatro do Palácio, com capacidade para 1.700 espectadores.

Shows de Caetano Veloso e Djavan, por exemplo, já estavam com ingressos vendidos no começo do ano e foram remarcados para 2021, já que são produções que precisam de um público maior para se viabilizarem comercialmente. Até então, o faturamento da Fundação Clóvis Salgado caiu para 20% do que foi em 2019. 

Já o Teatro da Cidade, com três décadas de funcionamento no centro de BH, não reabrirá as portas neste mês nem se tiver autorização. 

“Não estamos preparados nem queremos estar. Essa doença não é uma brincadeira, e o Teatro da Cidade não reabre até haver uma vacina. Quem força essa barra (para reabrir) são os produtores de eventos. Eu tenho 70 anos, com 56 anos de teatro, e não quero ir em nenhum espetáculo em nenhuma casa que abrir”, critica o diretor do espaço, Pedro Paulo Cava. 

Até o dia 15 de outubro, a prefeitura vai receber cadastros de artistas e espaços culturais para repassar parte dos R$ 15,8 milhões oriundos da Lei Federal Aldir Blanc, anunciados em setembro. 

Como alternativa de renda para a classe artística, Paulo Cava diz ter sugerido à Câmara Municipal que utilizasse o dinheiro para promover espetáculos nas praças e ruas de bairro da capital. (Com Queila Ariadne)

Grandes festivais e festas de casamento e batizado devem continuar proibidos

Tudo indica que o Festival Churrasqueadas, evento de gastronomia no Mineirão, terá de ser adiado pela terceira vez neste ano. O open food havia sido agendado para março, depois para agosto e, em seguida, para o dia 7 de novembro.

O produtor do evento, Leo Stallone, já prevê que ele só será possível a partir de fevereiro de 2021. O público previsto era de 5.000 pessoas, e cerca de 3.000 compararam ingressos, sendo que a minoria prefere o dia dinheiro de volta, segundo o produtor. 

Ele não será o único que ainda deverá esperar mais tempo pelo retorno. Eventos maiores e festas de casamento, batizados ou shows volumosos estão fora do radar da prefeitura de BH no primeiro momento, de acordo com Rodrigo Marques, presidente da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (Amee).

O governo ainda discutirá as restrições com o setor, porém, e não definiu os limites de abertura. Uma das reivindicações dos empresários deve ser permissão para receber até cem pessoas em qualquer tipo de evento. 

Na previsão atual, casas de show como o Jack Rock Bar, espaço com 17 anos de história no bairro Funcionários, região Centro-Sul, podem continuar de portas fechadas. Atender o público sentado não é uma possibilidade para um dos sócios do Circuito do Rock, que inclui a casa, Gustavo Jacob. 

“Não quero mudar meu negócio, quero voltar no mesmo formato. Quando as pessoas voltarem ao Jack, vão querer o que entregamos há 17 anos. Já fizemos estudos de viabilidade e voltar como bar não funcionaria”, diz.

O alvará do local é de casa de shows, e não de bar, um dos motivos para ele não retornar quando os restaurantes reabriram. Enquanto isso, o outro espaço do Circuito do Rock, o Lord Pub, no bairro São Pedro, foi reformado e agora tem apenas um andar, em vez dos antigos dois, mas com capacidade ampliada de público. 

Sem lucro há sete meses, 40 dos 50 funcionários do grupo foram demitidos, mas Gustavo diz ter esperança de recontratar todos eles em 2021. Com bom crédito entre bancos, diz ele, ainda não há possibilidade de fechamento definitivo no horizonte. 

Cinemas reivindicam sessões com comida liberada e planejam primeiros lançamentos de filmes

As 80 salas de cinema de Belo Horizonte podem entrar na primeira fase de liberação dos eventos, em um esquema parecido com o dos espetáculos teatrais, recebendo metade dos espectadores, conforme a primeira proposta da prefeitura, que ainda não está oficializada.

A orientação inicial é priorizar venda online de ingressos para até quatro conhecidos se sentarem juntos. Pelo menos uma poltrona, aos lados e à frente, deve separar um grupo do outro. 

Já a tradicional pipoca fica de fora: o protocolo proíbe consumo de comidas e bebidas dentro das salas. É um ponto que o presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras de Minas Gerais (Seecine MG), Lucio Otoni, pretende negociar. “A bomboniere representa em torno de 30% da receita, e abrir com restrição de poltronas e sem ela torna o funcionamento praticamente inviável”, diz. 

“As salas serão higienizadas nos intervalos há limpeza química e troca de filtros do ar-condicionado periodicamente, o ar se renova nas salas. Quando a pessoa comprar o ingresso online, já vai ser feito um raio de proteção nas poltronas ao lado, que não poderão ser ocupadas”, detalha Otoni. 

Ainda que Hollywood esteja remanejando a estreia dos maiores blockbusters para 2021, ele já desenha possíveis lançamentos, caso os cinemas retornem neste mês, como o novo-longa do diretor Christopher Nolan, “Tenet”, o desenho animado “Scooby! O filme” e um documentário sobre a banda sul-coreana BTS. 

 

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