Os produtores do Projeto Jaíba, Januária, Janaúba e de várias regiões no Norte de Minas Gerais soltaram foguetes ontem para festejar a prisão do ex-diretor do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Humberto Candeias. Ele foi preso em Teófilo Otoni e seria transferido ontem à noite para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.
Ele é acusado de corrupção, desvio de dinheiro público, desmatamento ilegal e fraude em licitações, entre outros crimes. Outras 20 pessoas estariam envolvidas no esquema de corrupção.
A festa também recebeu comentários de produtores horrorizados, perplexos e surpresos com as descobertas da Justiça. Nos últimos três anos, contou o diretor do Distrito de Irrigantes do Jaíba II, Eduardo Rebelo, os produtores do Projeto Jaíba e do Norte de Minas eram atacados pelo ex-diretor do IEF que chamava a todos de bandidos da máfia do carvão. "A gente ficou perplexo com a situação. Os produtores não eram os vilões nessa história", afirmou.
Eduardo Rebelo disse que tentou falar ontem com o atual diretor de fiscalização do IEF, João Paulo Sarmento, mas não conseguiu. "Fiquei sabendo que ele está apavorado e querendo pedir demissão do cargo", disse.
Para o maior produtor de frutas tropicais do mundo, Helton Yamada, a prisão de Humberto Candeias representa o fim de um ciclo de perseguição. Helton recebeu duas multas no final de 2008 no valor de cerca de R$ 50 mil, cada uma. "Na época o IEF justificou que eu estava produzindo mais carvão do que eu era autorizado. Mas isso não era verdade. Eles sequer fiscalizaram. Foi abuso de poder", afirmou.
Por causa das multas, a expansão dos negócios da Brasnica, a empresa de Yamada, ficou atrasada. Apesar da autorização para explorar cerca de 1.200 hectares desde de 2006 até o início desse ano, devido às multas e à burocracia na liberação de licenças ambientais impostas pelo IEF, só foi possível explorar 45% dessa área. "Esse é um prejuízo incalculável".
O suplente de vereador do município de Jaíba, César Preto, lembrou que os fiscais do IEF chamavam os produtores de bandidos. "Agora, os produtores soltaram foguete, houve uma festa grande pela prisão do Candeias", contou.
O consultor ambiental, com escritório em Montes Claros, Geraldo Magela, esteve ontem em Turmalina e disse que o assunto principal é a prisão de Candeias. Magela lembrou da ocasião em que Candeias, numa reunião, chamou os produtores do Jaíba de "um bando de bandidos. Agora, os produtores estão aliviados", disse. (Com Raphael Ramos)
MP mantém investigações em sigilo
O processo que investiga Humberto Candeias e, pelo menos, outras quatro pessoas por envolvimento na máfia do carvão é mantido em sigilo. O Ministério Público e a Secretaria de Estado da Fazenda, responsáveis pelas investigações, estão analisando computadores e documentos apreendidos.
A polícia confirma a prisão de Candeias, do ex-chefe do gabinete do IEF, Itamar Ferreira Gomes, e do ex-servidor Sérvulo Figueiredo de Godoy. No entanto, há informações de que, pelo menos, outras 20 pessoas também estariam envolvidas no esquema. (RR)