Procissão com população em situação de rua em BH marca Dia Mundial dos Pobres

Os sorrisos e a descontração das centenas de moradores em situação de rua em Belo Horizonte, que seguiram em procissão pela Jornada Mundial dos Pobres, celebrada neste sábado (19), expressam a gratidão pela mobilização da Arquidiocese da capital, Defensoria Publica de MG, empresas e sociedade civil, nas atividades.

O trajeto do cortejo foi do Santuário Nossa Senhora da Conceição, na Lagoinha, até o Santuário São José, no Centro. Atualmente, 11.165 pessoas vivem nas ruas da capital e, no Brasil, o número passa de 158 mil, segundo levantamento do Observatório Brasileiro de Politicas Publicas com Pessoas em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

"A data é para lembrar a sociedade da importância de darmos visibilidade às pessoas que vivem na extrema pobreza e fazer com que possamos nos unir em ações para ajudar a todos, sem distinção. Precisamos de mais atenção e políticas públicas para transformar essa triste realidade", salientou o reitor do Santuário de São José, padre José Cláudio Teixeira.

A pobreza aumentou durante a pandemia da Covid-19 no Brasil. Segundo o Mapa da Nova Pobreza (2021) desenvolvido pela FGV Social (Fundação Getúlio Vargas), o contingente de pessoas com renda domiciliar per capita de até R$ 497 por mês atingiu 62,9 milhões de brasileiros - 29,6% da população total do pais.

Caminhada

Na parada final, no pátio do Santuário de São José, os participantes foram convidados a se juntar em um louvor no interior do Santuário. O acolhimento seguiu com atendimentos de cuidados pessoais, com corte dos cabelos e barba, enquanto as mulheres receberam um carinho especial com atendimento de manicures. Também houve doação de roupas. 
Os cuidados com a saúde não foram deixados de lado, com aferição da pressão arterial e medição de glicemia. A Defensoria Publica de Minas Gerais marcou presença com o ônibus da "Defensoria Itinerante", dando orientações com atendimento processual nas áreas criminal, civil e de família. 

"A violência está demais nas ruas, tem muita gente armada fazendo maldade. Precisamos de mais atenção. Agora, com o novo governo a esperança é de mais cuidado com os pobres, espero que a vida de todos nós melhore", diz Davi Antunes, de 30 anos, que fica na região Central de BH e dorme no Abrigo Tia Branca. "Cada um de nós tem uma história. Tudo o que precisamos é de atenção e respeito. Que as pessoas passem por nós e vejam que estamos aqui", reforçou Lucas Pinheiro de Almeida, de 21 anos, que também vive na região Central da capital.

Almoço comunitário 

A celebração teve um almoço solidário promovido pela "Ação Dai-lhes vós mesmos de comer", da Catedral Cristo Rei. As refeições foram nutritivas e balanceadas, com verduras, carboidratos e proteínas - ação essa que acontece semanalmente.

Próxima ação

No dia 25 de novembro, o Vespam (Vicariato Episcopal para Ação Politica e Ambiental) e a Defensoria Pública de Minas Gerais, irão promover, das 9h às 13h, encontro com moradores de rua com atividades e serviços, como expedição de documentos e encaminhamentos em questões judiciais.