Racismo

Professor de BH manda aluna prender cabelo cacheado: 'parece uma louca'

A menina de 11 anos contou o ocorrido para a mãe, que registrou ocorrência contra o homem, que ensina história na Escola Estadual Odilon Behrens, no Coração Eucarístico

Por José Vítor Camilo
Publicado em 16 de setembro de 2022 | 21:20
 
 
 
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Um professor de história de uma escola pública do bairro Coração Eucarístico, na região Noroeste de Belo Horizonte, é investigado por raciscmo após pedir para uma aluna de 11 anos prender o cabelo cacheado e afirmar que ela estaria parecendo "uma louca que saiu do hospício". O caso teria acontecido dentro da sala de aula da Escola Estadual Odilon Behrens, na última quarta-feira (14), e foi denunciado à polícia pela família da menina no dia seguinte. 

A comerciante Rosângela Aparecida Figueiredo, de 45 anos, mãe da garota, conversou com a reportagem de O TEMPO e detalhou que a filha está cursando a 6ª série na instituição. "Ela foi discriminada pelo cabelo. O professor perguntou se ela não tinha uma chuchinha e falou que ela parecia uma louca do hospício. Depois que minha filha chorou, ele ainda teria dito que daria uma sapatada nela", contou a mulher. 

No dia seguinte, a mulher foi até a escola, onde foi recebida pela supervisora e pela vice-diretora. "A supervisora se colocou claramente a favor do professor, enquanto a vice-diretora ouviu todo o relato. Pedi que chamassem os outros alunos, e elas disseram que não poderiam fazer isso por eles estarem em aula, com outro professor. Falei para irmos então até a sala, o que também foi negado", lembra a mãe. 

Diante da situação, a mulher pediu que ao menos a sua filha fosse buscada. Na direção da unidade escolar, diante das funcionárias da instituição, a menina então teria reafirmado, aos prantos, o relato do ocorrido.

"Depois que ela saiu, perguntei para elas se minha filha estava mentindo, e a vice-diretora disse que não. Mas, quando pedi o afastamento do professor, ela disse que não poderia fazer nada, mas que, se não me sentisse bem com isso, ela ajudaria a encontrar outra escola para minha filha", contou, indignada, Rosângela. 

"Racismo é crime! Preconceito também! Isso sem falar no abuso de poder do professor para com os alunos. Por isso resolvi fazer o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. Isso que aconteceu é vergonhoso, vindo de um professor", finalizou. 

Secretaria repudia ato e apura ocorrido

Procurada pela reportagem de O TEMPO sobre o caso de racismo, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) afirmou, por meio de nota, que "repudia quaisquer atitudes e manifestações de discriminação, preconceito e racismo" e que está apurando o ocorrido. 

"A escola é um espaço sociocultural que deve respeitar e, sobretudo, discutir amplamente a pluralidade cultural. A pasta realiza constantemente a política estadual de promoção da cultura de paz nas escolas, como o Programa de Convivência Democrática", completou.

Por fim, a pasta disse que ainda não teve acesso ao boletim de ocorrência registrado, mas que segue "apurando os fatos" e que "adotará as medidas administrativas cabíveis".

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