A primeira etapa do projeto de fomento ao turismo religioso em Minas Gerais não irá contemplar religiões de matrizes africanas. As ações estão concentradas nessa fase inicial em tradições do catolicismo, como a Semana Santa, em abril. O Plano Estadual de Bens Culturais da Fé foi apresentado na manhã desta terça-feira (14) com o objetivo de tornar Minas referência no turismo religioso no país.

"No que se refere a essas religiões, o trabalho neste momento é de salvaguardar. Nós precisamos primeiro proteger para depois promover", afirmou o secretário de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira.

De acordo com o secretário, uma das formas de proteger essas religiões é por meio da preservação do Congado e dos trabalhos de Aleijadinho, símbolo do Barroco Mineiro. "Aleijadinho, por exemplo, é um artista negro e a gente não fala isso. Quando estamos promovendo a arte dele é também o trabalho de um homem negro. Então precisamos entender melhor essa cultura que está presente em toda a arte", apontou. 

Embora tenha garantido que religiões de matrizes africanas serão contempladas no Plano Estadual de Bens Culturais da Fé, o secretário não informou em qual etapa ou quando isso irá ocorrer. O titular da Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG) também não informou quais as ações para "salvaguardar essas religiões" no Estado.

Atualmente, Minas Gerais conta com 1.025 edificações relacionadas à fé e 13 roteiros de turismo religioso. A Secult não soube informar quantos destes edifícios são de religiões de matrizes africanas. A pasta informou também que todos os 13 roteiros religiosos catalogados pela secretaria são relacionados ao catolicismo.

"Dentro da Secretaria de Direitos Humanos, nós temos uma coordenadoria que trata diversidade religiosa. É um trabalho muito complicado, pela organização dessas religiões, mas nós iremos fazer o mapeamento delas", disse Soraya Romina dos Santos, subsecretaria da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG). Os trabalhos, segundo a subsecretária, devem iniciar ainda no primeiro semestre deste ano.