A festa para Nossa Senhora do Rosário, celebrada neste sábado (7 de outubro), ocupa um lugar especial na fé dos quilombolas. A tradição conta história da aparição da imagem de Nossa Senhora para negros escravizados em Recife (PE) por volta da década de 1970, o que teria motivado os escravos a buscarem por libertação. Neste sábado, uma grande festa acontece na comunidade quilombola dos Arturos, em Contagem, na região metropolitana de BH. “Esta é a nossa maior e mais antiga celebração de fé, de tradição, de ancestralidade”, conta Jorge Antônio dos Santos, diretor social da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade dos Arturos.
A festividade é marcada por cortejos, atividades congadeiras, desfile de Guardas de Congo, além da tradicional Missa Conga, dentro de uma vasta programação (confira completa abaixo). Os congadeiros de Arturos participam cozinhando, se apresentando, tocando tambores e compartilhando a fé, desde as crianças aos mais idosos. As cores da festa são rosa e azul, assim como o manto de Nossa Senhora do Rosário.
“O dia 7 de outubro é muito especial para nós. É histórico para os negros escravizados e todos os seus descendentes”, afirma Jorge Antônio dos Santos. Ele reforça como a data é uma forma de manter viva a história da aparição da imagem da Nossa Senhora do Rosário.
“É a história dos nossos ancestrais. A imagem apareceu no mar de Recife, a Igreja Católica retirou a imagem, mas a Nossa Senhora do Rosário sempre voltava ao mar. Só quando os negros, com seus tambores, se aproximaram da praia, que a imagem subiu no tambor maior. Eles construíram uma capela para ela, simples, mas que ali ela ficou”, diz, emocionado.
Santos conta que a imagem de Nossa Senhora do Rosário motivou uma onda de revoluções e de resistência negra contra a escravidão. “Por isso é tão importante para nossa cultura. É predominante. Pela manifestação do reinado, demonstramos nossa fé, nossa ligação com a Nossa Senhora do Rosário. Louvamos, agradecemos e pedimos proteção para mantermos a tradição”, diz.
A Comunidade Quilombola dos Arturos tem mais 128 anos e é uma das mais tradicionais comunidades de Contagem, além de carregar o título de ser a mais antiga de Minas Gerais. Hoje, a estimativa é que tenham mais de 120 famílias de Arturos morando em Contagem.
A celebração é aberta ao público e gratuita. Acontece na Comunidade Quilombola dos Arturos: Rua Capelinha, 50 - Jardim Vera Cruz II; na Igreja matriz de Nossa Senhora do Rosário: Rua Cristóvão Macedo, 578 – Alvorada; e na Casa da Cultura Nair Mendes Moreira: Praça Vereador Josias Belém, 1 – Centro.
Confira a programação completa
7/10 - Sábado
- 18h - Concentração das Guardas de Congo e Moçambique (Comunidade dos Arturos)
- 19h - Levantamento dos Mastros (Casa Nair Mendes Moreira / Paróquia Nossa Senhora do Rosário e Comunidade dos Arturos)
8/10 - Domingo
- 4h - Festa da Matina (Comunidade dos Arturos)
- 8h - Concentração das guardas de Congo e Moçambique (Comunidade dos Arturos)
- 8h30 - Visita de Coroas
- 11h - Missa Conga com participação das Guardas de Congado (Paróquia de N. Senhora do Rosário)
- 12h - Procissão em honra a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora Aparecida (saindo da Paróquia de N. Sra. do Rosário para a Comunidade dos Arturos)
- 13h - Almoço na Comunidade
- 15h - Cumprimento de promessas na Comunidade dos Arturos
09/10 - Segunda-feira
- 10h - Missa na Comunidade dos Arturos
- 11h - Visita de Coroas / Cumprimento de promessas (comunidade dos Arturos)
- 17h - Cortejo das Guardas de Moçambique e Congo dos Arturos até a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário
- 19h - Descimentos das Bandeiras (Casa Nair Mendes Moreira, Paróquia de Nossa Senhora do Rosário e Comunidade dos Arturos)
- 21h - Encerramento da Festa