A imagem do Senhor Morto da Matriz São João Batista, no centro de Barão de Cocais, na região Central de Minas, que antes era retirada da urna de vidro somente na Semana da Quaresma, precisou ser colocada sobre um armário, onde fica exposta aos fiéis, no salão principal da igreja.
A urna é muito baixa, fica bem próxima ao chão, e a imagem do santo foi elevada às alturas para escapar da lama, caso a barragem Sul Superior, da Mineradora Vale, venha a se romper, a qualquer momento.
Assim como proximadamente 500 moradores das comunidades de Socorro, Tabuleiro, Piteiras e Vila Congo, situadas em Barão de Cocais, que tiveram de deixar suas casas, abandonando todos os seus pertences e sua história, até mesmo quem representa a salvação para essas pessoas, precisou mudar de rotina.
De acordo com o diácono da igreja, João Apolinário, a imagem do Senhor Morto somente é retirada da urna na Sexta-feira da Paixão, para ser colocada na cruz e sair em procissão pela cidade. Depois, é recolocada na urna e fica o ano todo ali guardada.
"Só na Semana Santa é retirada. Agora, precisou ser retirada por causa do risco de rompimento da barragem, para uma segurança maior da imagem, que faz parte do patrimônio histórico. Então, ela foi retirada daqui e colocada em um local mais alto para proteção da imagem, assim feito pelo próprio Iphan", disse o diácono.
O religioso disse não se lembrar de nenhuma outra ocasião em que o Senhor Morto tenha deixado a urna fora do período da Quaresma.
"Eu não me lembro se Ele tenha saído outras vezes, a não ser para fazer uma limpeza no local, ou uma coisa parecida assim. Mas, para outros motivos, não me lembro", afirmou Apolinário.
"Só na Semana Santa, mesmo, no tempo em que celebramos a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus, que o Senhor Morto é retirado da urna para fazer as nossas celebrações ", reforça o religioso.
A Igreja Matriz São João Batista foi construída em 1745 e é tombada pelo Patrimônio Histórico e artístico Nacional (IPHAN).
O arco do altar, e a imagem de São João Batista, que fica no alto da fachada da igreja, são obras do Mestre Aleixadinho.
O afresco, que é a pintura no salão maior, é do Mestre Ataíde.
A Igreja fica a poucos metros do rio que leva o nome do santo, o rio São João, por onde vai passar o mar de lama, caso a barragem venha a se romper.