Ao mesmo tempo em que a população de Barão de Cocais, na região Central de Minas, vive um estado de apreensão pelo risco de rompimento da barragem de Gongo Soco, outros mineiros estão na rota das barragens da Vale de Forquilhas 1, 2 e 3, em Ouro Preto, que também estão em alto risco.

O rompimento dessas estruturas poderia afetar bairros de ao menos mais seis cidades, entre elas Belo Horizonte. Um desastre nos reservatórios, que estão em alto risco, significaria um impacto direto ou indireto para quase 400 mil pessoas que vivem em cidades cercadas pelo rio das Velhas. Isso sem contar que uma queda das estruturas atingiria o reservatório de Bela Fama, responsável por quase 70% do abastecimento de água da capital. 

O risco ficou mais evidente depois que a Defesa Civil de Belo Horizonte alertou para a possibilidade de os rejeitos chegarem a dois bairros da cidade: Maria Tereza, na região Norte da capital mineira, e Beija-Flor, na Nordeste. Ontem, aconteceu um simulado para preparar os 800 moradores dessas áreas para evacuarem em caso de catástrofe. 

Como Belo Horizonte fica a quase 100 km de distância do ponto onde estão localizadas as barragens, outros municípios próximos das duas localidades também serão afetados. Isso ocorre porque a onda de rejeitos vai seguir para o rio das Velhas e causar inundações nas cidades ribeirinhas. 

Estão nesse caminho: Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Raposos, Honório Bicalho, Sabará, Belo Horizonte e Santa Luzia. “Além das 800 pessoas que moram nos dois bairros de Belo Horizonte, podemos somar como afetadas as populações de todos esses municípios. Porque, quando um ou dois bairros de cidades interioranas são afetados diretamente pela lama, o restante do município é impactado indiretamente.

A economia local fica arrasada. Cidades perdem produções rurais. Enfim, é uma catástrofe de proporções incalculáveis”, explica o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano. 

Tendo assim, quase 400 mil pessoas seriam impactadas direta e indiretamente em caso de rompimento dessas barragens. “Em Santa Luzia, o distrito industrial ficaria destruído. Se contarmos com as comunidades rurais, que nem sequer têm ideia do risco a que estão expostas, o número de vítimas sobe. Por isso, a Vale tem que impedir uma queda das barragens. Tirar a população não basta”, afirma Polignano. Ele acrescenta que, após passar por Santa Luzia, a lama de rejeitos perderá força.

E o pior é que Forquilhas 1 e 3 já estão no nível de risco 3, ou seja, com grandes chances de se romperem. Já Forquilhas 2 está no nível 2. A Vale não se pronunciou sobre a rota da lama.