Santa Maria de Itabira - Após enchentes e inundações em Santa Maria de Itabira, na região Central de Minas Gerais, moradores podem ter doenças entéricas, como gastroenterite. Em conversa com a reportagem de O TEMPO, nesta terça-feira (23), o médico e diretor clínico do Hospital Padre Estevam, Damon Lázaro de Sena, alertou que a população precisa adotar uma série de cuidados. 

"Não temos ainda casos de diarreia ou vômito relacionado ao processo da enchente, mas é possível que apareçam as doenças entéricas já que a gente sofre um processo  de contaminação muito grande porque o rio que passa dentro da cidade recebe muito esgoto e contamina essa lama toda", explicou. 

Após a tragédia na cidade, que deixou seis mortos, um hospital de campanha precisou ser montado na igreja católica do município, uma vez que a unidade de saúde da cidade também foi alagada após o rio Jiral transbordar.

"Nós tivemos uma água barrenta dentro do hospital, que subiu aproximadamente meio metro. Segundo o médico plantonista do dia, (a água) subiu rapidamente e tivemos que retirar os pacientes. Tivemos uma grávida que estava em trabalho de parto e foi levada para Itabira", disse.

Segundo ele, os atendimentos são diversos, como: vítimas que tiveram lesões durante a enchente, pessoas que cortaram os pés enquanto faziam a limpeza dos imóveis, moradores com crises de ansiedade e com "doenças do dia a dia": febre e pressão alta. 

Equipe médica

A equipe é formada por um médico e dois técnicos de enfermagem que atendem 24 horas. Segundo Sena, o quadro de profissionais é suficiente para a cidade. 

"Muitos pacientes resolvemos o processo aqui. E alguns, com rara exceção, encaminhamos a Itabira. Estamos sem a estrutura de raio x porque a água acabou deteriorando alguns equipamentos nossos, tivemos perdas de alguns medicamentos, mas o que temos nos permite fazer atendimentos normais. O suporte de laboratório, que é um serviço terceirizado, temos nos dias úteis. O nosso hospital é filantrópico, ele vive com recursos que vem do poder público, mas também com outros recursos de consultas particulares, de convênios", afirmou o médico. 

Segundo ele, no domingo tiveram alguns atendimentos graves, mas com a chegada do Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) houve uma redução nos casos que chegaram à igreja. Nessa segunda-feira (22), a equipe atendeu entre 20 e 25 pessoas. 

"Recebi uma informação aqui hoje que as pessoas que tiveram suas casas inundadas estavam lançando geladeiras e outras coisas dentro do rio. E, com certeza, a consequência virá. Lixo não é para ser jogado dentro do rio. Processos infecciosos podem acontecer e podem ter uma gravidade mais significativa. Doenças como leptospirose em época de enchentes é uma doença grave. Em outro momento de enchente em Santa Maria, com poeira, tivemos uma epidemia de conjuntivite. As pessoas precisam ter um compromisso com a prevenção de doenças. Não se pode esquecer também da questão da Covid-19. Não estão usando mascaras", alertou o profissional. 

Veja os cuidados que devem ser tomados:

  • Usar botas e máscaras. 
  • Não andar descalço
  • Caso tenha contato com muita água ou lama, a pessoa deve chegar em casa e tomar banho 
  • Coloque a roupa para lavar ou jogue fora