Os metroviários que trabalham na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Minas Gerais decidiram, em assembleia, nesta segunda-feira (12), pela paralisação total das atividades. Com isso, o metrô de Belo Horizonte não vai operar a partir da 0h desta quarta-feira (14), garantem os servidores. Cerca de 100 mil usuários devem ser afetados por dia.
“A assembleia dos metroviários termina agora e aprova greve até que o leilão seja suspenso. É uma greve contra a privatização, contra esse modelo que quer doar R$ 2,8 bilhões do governo federal e R$ 400 milhões do governo estadual sem garantia nenhuma de expansão”, afirmou Pablo Henrique, diretor da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro).
A greve é anunciada com a intenção de pressionar a suspensão do leilão da CBTU em Minas, que concede a gestão do metrô para a iniciativa privada. Apesar do Partido dos Trabalhadores (PT) ter entrado na justiça pelo cancelamento da ação, a concessão segue mantida para o dia 22 de dezembro.
Na Justiça
Em nota, a CBTU informou que ainda não foi notificada da decisão, mas que acionará a Justiça e que “tomará todas as medidas administrativas e judiciais cabíveis pela manutenção do transporte sobre trilhos na região metropolitana de Belo Horizonte”.
Em decisão passada da Justiça, a CBTU já havia conseguido reverter, no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRTMG), uma paralisação total. Em agosto, a Corte definiu escala mínima de 60% da operação habitual dos trens, sob pena de multa de R$ 35 mil. O valor que foi dobrado em outubro.
“A Companhia frisa que não possui respostas sobre o processo de desestatização, além das já publicadas pelos órgãos oficiais, já que as diretrizes e ações a respeito são conduzidas pelo CPPI (Conselho do Programa de Parceria de Investimentos) e pelo Ministério da Economia e do Desenvolvimento Regional. Assim, as demandas relativas ao processo devem ser endereçadas àqueles entes, para que haja informações concretas”, afirmou a CBTU.
Sobre a privatização
Com investimentos públicos e privados de R$ 3,7 bilhões, o contrato de concessão do metrô prevê a construção da linha 2, que vai ligar o bairro Nova Suíça à região do Barreiro, e a ampliação da linha 1 em mais uma estação no Novo Eldorado, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
O governo estima que as estações da linha 2 comecem a ser inauguradas a partir de 2027 e que todas as sete estações, ao longo de 10,5 km, estejam operacionais até 2029. Antes disso, está prevista a requalificação da linha 1, que ganhará novos trens e todas as 19 estações já existentes serão reestruturadas com novos banheiros e conexão de wifi.
Além disso, o contrato também prevê a diminuição do tempo de espera pelo trem em dias úteis, que hoje é de 7 minutos e que deverá ser reduzida para 4 minutos.
O modelo de concessão é questionado por alguns especialistas que apontam possibilidade de operação deixar de trazer ganhos financeiros a longo prazo.