Se o plano da prefeitura de Belo Horizonte de retomar as aulas no início de março for adiante, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de BH (Sind-Rede BH) sinaliza que os professores entrarão em greve.
“Temos assembleia na sexta-feira (26) de manhã e a recomendação da categoria é deflagrar greve se as aulas retornarem. Não adianta as aulas voltarem e depois nos culparem por não termos dado conta (de seguir os protocolos). Já avisamos que não damos conta antes, por conhecermos a realidade das escolas”, diz Vanessa Portugal, uma das diretoras do sindicato. Na última semana, cerca de 1.000 profissionais da educação municipal se reuniram virtualmente e a maioria votou por uma paralisação caso sejam convocados ao trabalho presencial.
A sindicalista reconhece o prejuízo educacional e psicológico das crianças sem aulas presenciais, mas pondera que algumas escolas municipais ainda estão em obras para readequar os espaços aos protocolos de segurança sanitária, como ampliação de janelas. Diretores relatam, de acordo com o sindicato, que parte das reformas deve ser concluídas somente em meados de abril. “Sem ampliar a vacinação, não há controle da pandemia, por isso reivindicamos vacinação aos profissionais da educação. Não só para eles, mas para todos”, completa Portugal.
Ela ressalta que as desigualdades entre a população que depende exclusivamente do ensino público e a que tem acesso às escolas particulares é anterior à pandemia, e que não seria a paralisação dos professores municipais que a explicaria ou a aprofundaria, na sua perspectiva. O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) percebe ser possível que as escolas privadas retornem antes das municipais, se houver greve.
“Isso não quer dizer que sejamos piores ou melhores, mas, sim, que fizemos o dever de casa com antecedência. A pandemia não é novidade para nós, hoje, e sabemos lidar com ela. Temos sistematicamente cobrado uma data de retorno das aulas”, conclui a presidente do sindicato, Zuleica Reis Ávila.
Em princípio, as aulas devem começar a retomar primeiro para o ensino infantil, que atende a crianças de 0 a 5 anos. A capital mineira tem 145 escolas municipais públicas de educação infantil e 540 particulares, além de outras 68 que estão em processo de ser abertas, de acordo com a prefeitura. Ávila estima que de 90% a 100% das instituições privadas estejam prontas para reabrir assim que a prefeitura autorizar.
Questionada pela reportagem, a PBH informou que está realizando modificações nas recomendações de retorno às aulas em conjunto com o comitê de médicos que a auxilia e que a data para reinício das atividades presenciais "será informada em momento oportuno".