Educação na pandemia

Prefeitura flexibilizará regras que condicionam volta às aulas presenciais em BH

Há chance de as instituições de ensino infantil reabrirem a partir da próxima semana na capital mineira, mas data ainda não foi oficializada pelo governo municipal

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 22 de fevereiro de 2021 | 16:12
 
 
 
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Os membros do comitê de enfrentamento à pandemia de Covid-19 de Belo Horizonte se reunirão nesta quarta-feira (24) para discutir a possível retomada das aulas presenciais em março na capital mineira, possibilidade apresentada pela prefeitura desde o final de janeiro. O governo municipal ainda não decretou oficialmente a data de retorno, porém o comitê, que apoia as decisões do prefeito Alexandre Kalil (PSD), sinaliza que ele pode ocorrer a partir da próxima segunda-feira (1º) para a educação infantil.

Até então, a PBH vinha condicionando o retorno às aulas à diminuição dos casos de Covid-19 na cidade para 20 a cada 100 mil habitantes. O índice vem decaindo pelo menos desde o fim de janeiro, porém ainda é quase 14 vezes maior do que o inicialmente considerado ideal. Nesse cenário, o comitê pretende flexibilizar o número e não levar apenas ele em consideração. 

“Em princípio, vamos tolerar entre 100 e 150 novos casos por 100 mil habitantes, embora o ideal seja abaixo de 50. A decisão pela volta às aulas depende desse fator, porém conjugado a outros. Mesmo que não alcancemos 150 casos, mas tenhamos tendência de queda, poderemos abrir as escolas”, detalha o infectologista Estévão Urbano, um dos membros do grupo. Ele pontua que o parâmetro segue recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que tem orientado a flexibilizar o entendimento sobre esse índice. 

“Neste momento, estamos propondo o retorno para os menores de 6 anos e, depois de 15 dias, vamos reavaliar se podemos ampliar a flexibilização. Aí, sim, estaremos de olho nesse parâmetro de casos por 100 mil habitantes. Entendemos que o malefício e o risco das crianças da população mais vulnerável fora da escola é maior do que dentro dela”, completa o infectologista Unaí Tupinambás, também membro do comitê de enfrentamento à pandemia. 

Questionada pela reportagem, a PBH informou que está realizando modificações nas recomendações de retorno às aulas em conjunto com o comitê de médicos e que a data para reinício das atividades presenciais "será informada em momento oportuno". 

Dois lados

A prefeitura consultou pais de estudantes de escolas municipais para saber se eles são favoráveis ao retorno. A consulta online terminou nesse domingo (21) e o resultado ainda não foi divulgado pelo governo. A empregada doméstica Dirleni Pereira, 32, já decidiu que enviará os três filhos, de 6, 7 e 9 anos, às aulas assim que for permitido. 

“Vai ser bom. Com os meninos em casa, estamos passando aperto, porque não pude mais trabalhar e não temos muitas condições de usar a internet. Nem temos computador, mas um vizinho estava emprestando a dele para a gente colocar as atividades na televisão”, diz a mãe.  

Isa, de 6 anos, também está preparada para o retorno desde 2020, segundo o pai, o empresário Rodrigo Villaça, 45: “A saúde mental das crianças e dos pais estaria em melhores condições com as aulas. A minha filha mais nova veste uniforme todo dia para as aulas remotas. Nesta quarta-feira, a escola vai fazer uma reunião para explicar a direção que tomará no retorno”. 

Por outro lado, o advogado Teodomiro de Almeida, 60, pai de Helena, de 5 anos, estudante de uma escola municipal de educação infantil, é um dos membros da comissão escolar que discute a reabertura da unidade e afirma que a maioria dos integrantes dela é contra a retomada presencial.  “Eu não me sinto seguro enquanto eu e minha esposa não estivermos vacinados e seria muito irresponsável mandar minha filha para a escola onde professora e trabalhadores não estão vacinados também. Sei das necessidades das famílias, principalmente econômicas, mas o governo tem que supri-las com soluções econômicas, e não criando mais um problema sanitário”, diz o 

O planejamento inicial da prefeitura prevê a primeira fase do retorno para crianças de 0 a 5 anos, depois para os estudantes que têm entre 6 e 8 e, em seguida, daqueles com 9 a 14. O fluxo vale para creches, escolas da rede municipal e da rede particular. A versão mais atual do protocolo de funcionamento das escolas prevê lotação máxima de 50% da capacidade de alunos por sala e permanência de até 4h30 dos estudantes nas instituições. O ano letivo das insitutições estaduais será iniciado no dia 8 de março, por ora de forma remota, de acordo com a Secretaria de Estado da Educação (SEE-MG).

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