Frota mínima

Sindicato garante que 60% dos ônibus vão circular durante greve em BH

Na paralisação da última semana, estações em regiões como Barreiro e Venda chegaram a ser fechadas e provocaram caos em toda a cidade. Especialista diz que movimento é uma ferramenta legítima para melhorar as condições de trabalho

Por Lucas Morais
Publicado em 01 de dezembro de 2021 | 19:38
 
 
 
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Pouco mais de uma semana após ser suspeita, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH) promete retomar a greve dos ônibus a partir da madrugada desta quinta-feira (2) em toda a capital. Apesar da paralisação, a entidade garantiu que pelo menos 60% da frota de veículos irá circular normalmente para atender a população. O movimento acontece em um momento de crise do sistema de transporte público na capital mineira.

Além de enfrentar uma CPI na Câmara Municipal, principalmente por conta dos repasses do poder público durante a pandemia para as empresas de ônibus, os coletivos convivem com a falta de investimentos e a tarifa cara. Aliado a isso, o número de viagens realizadas pelas linhas só caem: até setembro, conforme dados da prefeitura, a queda na circulação dos ônibus na cidade chegou a quase 25% na comparação com o período pré-pandemia. Os efeitos são veículos lotados, principalmente no horário de pico, e longas esperas nos pontos de embarque e desembarque. 

Em reportagem no último fim de semana, o jornal O TEMPO ainda mostrou que os mais de 8.000 trabalhadores do transporte público de Belo Horizonte chegaram ao limite. Além da defasagem salarial e acúmulo de funções, motoristas relataram problemas de saúde provocados pelas jornadas de trabalho e também dificuldades financeiras.

“No começo, a gente tinha que orientar as pessoas sobre o uso de máscara, e nem todo mundo entendia, nos desrespeitaram, queriam nos agredir. Fora o estresse de trabalhar sem o cobrador”, disse um motorista que pediu para não ser identificado.

‘Ferramenta legítima’

A advogada especialista em direito do trabalho, Bruna Salles Carneiro, lembrou que a greve é uma ferramenta legítima na luta por melhores condições de trabalho. “Ocorre uma suspensão do trabalho como forma de forçar o empregador a atender às suas reivindicações. A greve é um direito que está previsto na Constituição Federal”, explicou. Conforme a especialista, o movimento só pode ser convocado pelos trabalhadores.

“Cabe apenas aos trabalhadores e trabalhadoras decidirem quando instaurarem e quais os interesses irá reivindicar”, acrescentou. Na última semana, vereadores ventilaram que o movimento seria um lockout, quando a paralisação é convocada pelos empresários. Além disso, a advogada pontuou que no caso de serviços essenciais, como o transporte público, há a proibição da paralisação total.

Nesta quarta-feira (1), em duas reuniões, a categoria rejeitou a proposta patronal e decidiu retomar a greve. “Quando se chega a um impasse das tratativas de negociação entre o sindicato e os empregadores, a saída é se buscar a Justiça do Trabalho exatamente porque existe uma modalidade processual específica quando há conflitos coletivos de trabalho, que é o chamado dissídio coletivo. E nisso, você entrega para o poder judiciário a solução para esse conflito de trabalho”, frisou a advogada.

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