O Sindicato dos Escrivães de Polícia de Minas Gerais (Sindep-MG) pede o afastamento do delegado e do investigador suspeitos de terem cometido assédio contra a escrivã Rafaela Drumond, que tirou a própria vida, no dia 9 de junho, em Antônio Carlos, próximo a Barbacena, na região Central do Estado. Os servidores, inclusive, prestaram depoimento à polícia nesta quinta-feira (29), na delegacia de Barbacena. A polícia apura se os supostos casos de assédio teriam induzido a servidora a cometer o suicídio. 

“Por ora, consideramos que seria razoável o afastamento preliminar dos investigados até a conclusão do procedimento instaurado, pois evitaria constrangimentos a eventuais vítimas ou testemunhas durante as investigações em curso”, afirma o Sindicato. A associação, que representa os escrivães da instituição, contesta a transferência do delegado e do investigador para a delegacia de Conselheiro Lafaiete, na mesma região. A mudança ocorreu na última sexta-feira (23). “Acreditamos que possa haver o risco dessas transferências causarem constrangimentos a eventuais testemunhas que possam ser ouvidas nas investigações”, justificou o sindicato. 

O novo posto de trabalho dos servidores, segundo o sindicato, é o mesmo onde está lotada uma outra escrivã, que também denuncia ter sido vítima de assédio, conforme citado por Rafaela em um dos áudios. Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informa que na manhã desta quinta-feira (29), uma equipe da Corregedoria Geral compareceu ao Departamento de Polícia Civil, em Barbacena, "ouvir policiais civis que trabalharam com a escrivã em Carandaí e que se trata de procedimento padrão atinente à investigação, que segue o curso normal".

A transferência

As transferências do delegado e do investigador que trabalhavam com Rafaela na delegacia de Carandaí ocorreram um dia após as investigações ficarem a cargo exclusivamente da Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPC), localizada na capital. Inicialmente, a delegacia de Barbacena, responsável pela unidade de Carandaí, conduzia o caso. 

Segundo apurou a reportagem, o delegado tem dito a pessoas próximas que não tem nada a ver com a história e negou que tivesse conhecimento de assédios sofridos por Rafaela Drumond. Um áudio atribuído à escrivã, entretanto, aponta que ela levou ao conhecimento do delegado um caso de assédio, mas ele teria a desencorajado de prosseguir com o caso.