A Polícia Militar prendeu um suposto médico, de 70 anos, que atuava com seu registro do Conselho Regional da Medicina (CRM) cassado e vendia atestados médicos em um prédio da avenida Amazonas, no centro de Belo Horizonte. O homem disse ter mais de 96 diplomas. Após várias denúncias, o médico foi preso na tarde desta quinta-feira (12), na sala onde atuava no edifício Dantês.

De acordo com o sargento Ricardo Lúcio Souza, responsável pela ocorrência, o suspeito atendia em uma clínica particular e por convênio. Na sala dele foram encontrados atestados que eram vendidos por R$ 18 a R$ 20. 

O homem realizava diversos exames nos pacientes, como eletrocardiograma, e atendia mais de 25 especialidades. “Ao chegar no local, ao perceber a nossa presença, o médico deitou e falou que estava passando mal, mas ele confirmou que já teve o CRM cassado, tem filhos e irmãos como sócios da empresa. Durante todo tempo que estivemos lá, vários pacientes chegavam procurando por ele e pelos serviços de atestado”, explicou o sargento. 

No local, foram apreendidos diversos atestados em branco e carimbos de outros médicos. “São médicos que não conhecem o suspeito. Mas, segundo ele, esses trabalhavam duas vezes por semana na clínica”, completou o militar. 

O que o suspeito diz

O homem preso admite ter o registro cassado em 2004. Mas, segundo ele, em 2013, ele obteve uma liminar para retomar os atendimentos. De acordo com o suspeito, seu registro foi cassado por receitar remédios não autorizados. Ele também afirma ainda ser professor universitário. 

“Sou cardiologista, clínico geral e ultrassom. Eu tenho 96 diplomas. Já fui homenageado em muitos lugares que trabalhei. Fui cassado, porque usava Omeprazol, que não tinha praça, mas hoje em dia, todo mundo usa. Um absurdo. Eu só coordeno lá, não atendo. Sou médico, renomado, é um absurdo me acusarem. Eu dou aula de medicina em Campinas, sou professor universitário”, afirmou. 

De acordo com a Polícia Militar, em contato com o Conselho Regional de Medicina (CRM) o registro profissional do suspeito estava cassado desde 2004 e até então não havia nenhuma alteração na situação do registro. O motivo da cassação não foi informado. 

A ocorrência está em andamento na 6ª Companhia da Polícia Militar de Minas Gerais. O falso médico será acusado por exercício ilegal da profissão.

O que diz o CRM

Procurado pelo reportagem, o CRM-MG confirmou a cassação do registro do suspeito, que foi, inclusive, publicada no "Diário Oficial de Minas Gerais", na época. A cassação aconteceu por infração aos artigos 64 e 93 do Código de Ética Médica. 

Respectivamente, são eles: "agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer meio, para clínica particular ou instituições de qualquer natureza, paciente atendido pelo sistema público de saúde ou dele utilizar-se para a execução de procedimentos médicos em sua clínica privada, como forma de obter vantagens pessoais" e "ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado".

Texto atualizado às 20h04