Ler um trecho da bíblia, simular mal-estar durante caminhadas ou demonstrar interesse por imóveis disponíveis para aluguel são as principais justificativas para que duas irmãs, de 51 e 49 anos, moradoras do Aglomerado da Ventosa, na região Oeste, conseguissem entrar e furtar dinheito e objetos diversos em casas de idosos na capital e em outras 20 cidades do Estado.
Segundo investigações iniciadas pela Polícia Civil há quatro meses, em apenas um ano, a dulpa pode ter subtraído cerca de R$200 mil reais de idosos com idades entre 60 e 100 anos de idade. Foram encontrados 70 registros de boletim de ocorrências relacionados à dupla. A maior parte deles datam de 2018 e 2019.
Em uma única ação, as mulheres teriam causado um prejuízo de R$60 mil, a um idoso que vive no bairro Santa Rosa, na região da Pampulha. O rombo resultou na perda de economias realizadas ao longo da vida e da contratação de empréstimos pessoais em nome da vítima.
"Esse caso especificamente ainda está em investigação, mas tudo aponta para elas. No mais, elas furtaram quantias variadas: de R$9 mil a saques de R$20 reais", comentou o delegado titular da 2º delegacia de repressão às ações criminosas organizadas ( Draco/Deoesp) Thiago de Lima,
A escolha das vítimas, segundo Lima era feita aleatoriamente, mas sempre em bairros cujos moradores tivessem menor poder aquisitivo.
"Não tinham critério. Caminhavam, observavam os imóveis e batiam de porta em porta. Ao serem atendidas, inventavam histórias para convecer o proprietário a levá-las para o interior das residências", afirmou.
Já no interior do imóvel, ainda segundo as investigações, as irmãs de expressão serena e bom papo, ganhavam a confiança das vítimas.
"Elas conversavam por alguns minutos, demonstrando preocupação com a saúde dos idosos, falando sobre religião e diversos assuntos. Em determinado momento, uma delas pediam para ir ao banheiro e, nesse momento, rodavam pela casa em busca daquilo que pudessem furtar", afirmou.
Ainda de acordo com o delegado, caso a vítima estivesse sozinha, a dupla prosseguia. "Do contrário, faziam a encenação e iam embora sem sucesso na ação".
Golpes seguiam do lado de fora
Ao deixarem os imóveis com dados de cartões de crédito e nomes das vítimas, as irmãs realizavam ligações para os idosos, em que passavam por funcionárias de instituições financeiras e recebiam acesso a senhas eletrônicas dos idosos.
Atuantes em todo o Estado há cerca de oito anos, as mulheres foram presas em operação da Polícia Civil realizada em março deste ano. As mulheres foram monitoradas durante um dia durante visitas a moradores dos bairros Savassi e Centro, em Ribeirão das Neves, região metropolitana.
"Nesse dia elas entraram em 20 casas e, de três, saíram com objetos furtados. Foram presas em flagrante na ocasião. Agora, vão responder por furto e associação criminosa. A pena para cada crime chega a oito anos", informou o delegado.
Um homem, de 46 anos, motorista que seria o responsável pelo transporte das suspeitas também foi preso.
Família do crime
Três, dos seis filhos da suspeita de 51 anos, cumprem pena por homicídio e tráfico de drogas em presídio da região metropolitana. O cumprimento de pena dos jovens teria motivado a mulher a intensificar os furtos em imóveis de idosos, segundo a Polícia Civil, no intuito de facilitar a vida dos jovens na cadeia.
Questionadas, as suspeitas negaram os crimes.