O apelido dele é Coringa, mas ele não vive na fictícia Gothan City e nem é o principal inimigo do Batman, personagem das histórias em quadrinhos. Preso nesta quarta-feira em operação das polícias Civil e Militar, Coringa é um homem de 36 anos apontado como o principal líder do tráfico de drogas na favela da Ventosa, no bairro Jardim América, na região Oeste de Belo Horizonte.
Ele foi preso na casa dele e, embora não tivesse passagens anteriores pela polícia, não é nenhum santo, segundo as investigações.
Da casa dele, que tinha câmeras de segurança monitorando a rua, o suspeito dominava pelo menos onze pontos do tráfico na Ventosa, até cair nas “teias” da polícia na manhã desta quarta-feira (9). Dois comparsas dele também foram presos e outros dois foram conduzidos para a delegacia com pequenas porções de drogas.
A operação conjunta das polícias para prender traficantes na região começou às 5h da manhã. Policiais civis e militares apreenderam um barra de 1kg de cocaína avaliada em R$ 25 mil com o traficante.
Pela pureza da droga, o delegado da 4ª Delegacia da Regional Barreiro, Flávio Grossi, acredita que ela poderia render uma quantidade cinco vezes maior na hora da venda e cerca de R$ 50 mil.
“A cocaína é pura, que é desdobrada facilmente em mais de cinco quilos pela qualidade do produto”, conta o delegado, que também apreendeu outra parte da droga já embalada para a venda e uma balança de precisão. Uma pistola 9mm, uma caminhonete Toyota Hilux e uma moto, veículos que eram usados no tráfico de drogas, segundo a polícia, também estão entre os itens apreendidos.
Além disso, foram recolhidos celulares, dois coletes balísticos e cerca de R$ 10 mil em dinheiro. “Eles também serão investigados por lavagem de dinheiro”, afirmou o policial.
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De acordo com o delegado Grossi, o suspeito Coringa já era alvo dos policiais que trabalham na Ventosa. “O Coringa não tinha passagens pela polícia. É uma situação atípica. Ele atuava no crime havia pouco tempo e já veio com grande força, até mesmo pelo valores e pelo tipo de armamento e a qualidade da droga que ele vendia. Ele atuava com grande força, mesmo sendo iniciante”, disse o delegado. A principal área dominada por ele na Ventosa, segundo o delegado, é conhecida como “Campo”, onde o suspeito mora.
“O poder financeiro do Coringa é bem claro”, reforçou Grossi. “Ele tinha uma grande extensão de vendas. Nessa operação, foram contemplados locais dominados por ele, com cerca de duas pessoas em cada local. A estimativa é que cerca de 50 pessoas estejam coligadas a ele”, comentou o delegado, lembrando que as operações continuam para prender outros suspeitos.
Para o delegado, a prisão de Coringa vai trazer um pouco de tranquilidade para os moradores da região e muita droga será retirada de circulação. “Ele usava meios violentos de manutenção do ambiente. Aquele pedaço que ele dominava ficará com mais tranquilidade. Há suspeita de envolvimento deles em homicídios cometidos na região”, reforçou o delegado.
O tenente Bruneiffer de Souza Dutra, da 126ª Companhia do 5º Batalhão da PM, conta que desde 2006 o Coringa está no “radar” na PM. “Ele é um traficante específico porque não tinha nenhuma passagem pela polícia antes desse fato. Ele não se envolvia com os traficantes da Ventosa”, disse o tenente.
“Depois que começamos a estudar a atuação dele, descobrimos que era uma quadrilha muito bem articulada. A quadrilha dele é muito bem estruturada na favela da Ventosa”, reforçou o militar.
Além de Curinga, foram presos dois suspeitos de integrar a quadrilha dele. Os dois têm passagens pela polícia por tráfico de drogas. “Todos estão envolvidos em uma formação de quadrilha que permeia também o homicídio”, disse o delegado.