Sistema prisional

Traficante investigado por sequestro de menina em Sabará é transferido de cadeia

Sildirley Silva Acácio Machado, mais conhecido como Di, seria o patrão do bairro Estrela Dalva, em Contagem; ele estava em Francisco Sá e, agora, está detido em Formiga

Por O TEMPO
Publicado em 12 de julho de 2023 | 13:41
 
 
 
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Foi transferido de unidade prisional, na última sexta-feira (7 de julho), o traficante Sildirley Silva Acácio Machado, mais conhecido como "Di" e que já foi considerado um dos maiores traficantes de Minas Gerais. O criminoso é suspeito de ser o mandante das mortes de sua ex-companheira e de uma amiga e cabeleireira da mulher, em Sabará, no fim de junho deste ano. O homem também é investigado pelo sequestro de sua filha, Evellyn Jasmin, de 8 anos, desaparecida desde o dia do duplo homicídio.

"Di" estava preso desde 2017 na Penitenciária de Francisco Sá, no Norte de Minas, após ser alvo de uma operação da Polícia Civil em que foi apresentado como o "maior traficante de Minas Gerais. Conforme a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), na última sexta, ele acabou sendo transferido para a Penitenciária de Formiga, na região Centro-Oeste do Estado.

Com a alteração, acabou sendo reduzido em mais da metade o tempo de viagem entre o bairro Estrela Dalva, em Contagem, onde ele seria um dos responsáveis pelo tráfico de drogas, e a unidade prisional onde ele se encontra preso. Se para chegar à unidade prisional do Norte de Minas a viagem era de cerca de 6h30, agora, são gastos menos de 3h entre o bairro da Grande BH e a nova unidade prisional.

A transferência seria consequência do encontro de um celular na cela do suspeito, durante ação na penitenciária ocorrida no último dia 22 de junho, um dia depois do duplo homicídio e sequestro da criança.

Segurança máxima?

Apesar de estar detido em uma unidade considerada de Segurança Máxima, ao longo dos últimos anos, "Di" demonstrou não ter muitas dificuldades para obter celulares e, até mesmo, fazer chamadas de vídeo para fazer "sexo virtual" com duas mulheres ao mesmo tempo, como mostra uma das denúncias divulgadas pela ex-companheira assassinada.

O "sexo" pelo celular aconteceu cerca de um ano após Sildirley ser um dos alvos da operação Trojan, desencadeada em agosto de 2021 e que mirou um esquema criminoso que envolvia detentos, três policiais penais e até mesmo advogados. A quadrilha se utilizava dos servidores e da prerrogativa dos advogados para levar para dentro do presídio de Francisco Sá drogas e celulares.

No processo, "Di" acabou condenado a outros 9 anos de prisão e, segundo a decisão da Justiça, ele já teria sido preso antes pelo mesmo motivo, o que agravou a sua pena. "A conduta dos increpados foi decisiva para o sequenciamento de inúmeros crimes intra e extramuros, sobretudo relacionados ao comando do tráfico de drogas e crimes de sangue", escreveu o juiz responsável pela condenação.

No texto, o TJMG ainda deixa claro que, por conta do suborno de servidores públicos, "Di" e outros presos conseguiam, inclusive, transitar livremente dentro da unidade prisional, algo inaceitável por se tratar de uma unidade de segurança máxima.

Advogado nega que cliente seja do PCC

Por meio de uma nota enviada à imprensa, Mauro Abreu, que é o advogado que representa o ex-companheiro de Ketlyn, posicionou-se por nota e alegou que o seu cliente nega qualquer envolvimento no desaparecimento da filha e nas mortes da ex-companheira e da cabeleira encontrada em um carro em Contagem.

O texto negou ainda que "Di" seria integrante do PCC. "O pai da criança e os seus advogados esclarecem, ainda, que àquele não possui nenhuma condenação criminal por envolvimento com qualquer organização criminosa, como vem sendo noticiado", argumentou o advogado.

Leia a nota na íntegra:

"Nos últimos dias foram noticiadas nos veículos de comunicação, informações e notícias envolvendo o caso da pequena Evellyn Jasmin, que se encontra desaparecida.

A Defesa técnica que representa o pai da criança, ora apontado como suspeito, esclarece que ainda não teve acesso amplo às investigações comandadas pela Polícia Civil, as quais se encontram em sigilo.

Todavia, o pai da pequena Evellyn nega veemente qualquer envolvimento no desaparecimento de sua filha e bem como nas mortes, que vitimaram Katlyn, mãe de seus filhos e a senhora Ana Raquel, cabelereira.

O pai da criança e os seus advogados esclarecem, ainda, que àquele não possui nenhuma condenação criminal por envolvimento com qualquer organização criminosa, como vem sendo noticiado, e estão compromissados em auxiliar nos trabalhos da Polícia Civil e bem como na elucidação do caso.

Confiamos no profissionalismo e no brilhante trabalho que é desenvolvido pela Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, em especial, pela Delegacia de Homicídios de SabaráMG, e esperamos a apuração da verdade dos fatos e que a criança seja encontrada o mais rápido possível.

Por fim, a Defesa manifesta a sua solidariedade com as famílias enlutadas.

Equipe Mauro Abreu, Advocacia Especializada"

Entenda o caso

Ana Raquel, proprietária de um salão de beleza em Sabará, estava atendendo sua cliente e amiga Katlyn Lorrayne Oliveira, de 29 anos, quando o estabelecimento foi invadido na quinta-feira (22). Ainda não se sabe quantas pessoas estão envolvidas no crime, mas as investigações revelaram que o salão foi encontrado em desordem e havia vestígios de sangue no chão.

As câmeras de segurança registraram o momento em que Katlyn tentou escapar, mas acabou baleada na nuca por um homem armado que estava dentro de um carro.

Tanto Ana Raquel quanto a menina de oito anos foram sequestradas, porém, o corpo da cabeleireira acabou sendo encontrado dois dias depois. Na sexta-feira (23), a mulher foi localizada dentro de um veículo abandonado na BR-040, no bairro Morada Nova, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.

De acordo com a Polícia Militar, os agentes estavam passando pelo local quando avistaram o veículo parado. Devido à área estar deserta, os policiais realizaram uma inspeção e perceberam que o automóvel estava trancado. No banco traseiro, encontraram um corpo de bruços. Os militares tiveram que quebrar o vidro para ter acesso à vítima, que apresentava ferimentos na cabeça e sinais de violência.

A confirmação de que o corpo era de Ana Raquel foi feita por Daniele Cristine, cunhada da vítima, de 23 anos. “O corpo é da Ana Raquel mesmo. Uma tristeza total. Todos nós estamos em choque, sem acreditar no que aconteceu. A ficha ainda não caiu", finalizou.

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