O resultado de exames para doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti – transmissor de dengue, zika e chikungunya – poderá no futuro sair em apenas 20 minutos graças a um novo estudo em desenvolvimento por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Trata-se de uma nova metodologia na realização dos testes sorológicos com a adoção de nanotecnologia, que promete tornar os diagnósticos mais rápidos e completos. Pela nova técnica, o sangue do paciente é coletado da mesma forma como acontece nos outros tipos de testes rápidos.

No entanto, em vez de a amostra ser diluída em um reagente, como no método tradicional, ela é misturada a uma solução composta por nanopartículas de ouro (mil vezes menores que um fio de cabelo) e biossensores, tão pequenos quanto, capazes de detectar a presença ou não de anticorpos produzidos pelo corpo para combater o vírus das três doenças.

“É um sensor para dengue, mas pode ser aplicado para outras doenças virais”, explica Alice Versiani, doutora em microbiologia da UFMG e autora do estudo.

Amplificado

A técnica inovadora da UFMG também é capaz de, no mesmo exame, já identificar o sorotipo do vírus da dengue (1, 2, 3 ou 4), o que pode reduzir o tempo e os gastos investidos pelos governos na investigação das epidemias.

“Hoje, esses testes de sorotipagem são feitos por amostra, em outro exame subsequente, após o teste rápido, para identificar qual tipo de vírus está circulando mais na população”, explica Patrícia Merljak, gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de BH.

Apesar de não haver ainda uma definição em relação aos custos da testagem, a previsão dos cientistas é de não ser um procedimento dispendioso.

“Quando falamos de ouro, é normal achar que fica algo muito caro. Mas um grama do metal gera milhares de nanopartículas, então, como o teste não precisa de outros reagentes, acreditamos que sejam bastante equalitários os custos finais”, conclui Versiani.

BH acumula 4.289 casos confirmados

De janeiro até o dia 16 de julho deste ano, Belo Horizonte acumulava 4.289 casos confirmados de dengue, 21 de chikungunya e nenhum de zika, conforme divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMS).

Na comparação com o período similar de 2019, a redução no número de casos de dengue na capital chega a 94%. De janeiro a 18 de julho do ano passado, a secretaria confirmou 72.072 casos.

Houve 52 diagnósticos de chikungunya na cidade (-59,6% em relação a 2020). As quedas expressivas, no entanto, podem ter a ver com uma subnotificação de casos por conta da pandemia da Covid-19.

Em Minas, de janeiro até o último dia 16, foram registrados 50.375 casos confirmados de dengue, 1.060 de chikungunya e 90 de zika, conforme o último boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

Chegada ao mercado ainda depende de avanços

A UFMG já entrou com pedido de patentes nacional e internacional da metodologia, e os estudos seguem agora em duas frentes de desenvolvimento: aprimoramento e escalonamento do teste e a criação de um software específico de leitura dos dados do novo exame.

Segundo Versiani, os estudos para essa tecnologia estão em andamento no Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas), localizado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec).

“Temos alguns alunos trabalhando nisso para a produção de proteínas. Em vez da produção em bactéria, que foi nossa primeira fase, estamos utilizando outros métodos para buscar melhores resultados”, explica. Na criação do novo software para leitura do exame, o trabalho conta com o apoio do departamento de engenharia elétrica da UFMG.