Empresário, engenheiro e colecionador de carros esportivos, com uma vida social agitada e com direito a muita ostentação. Esse é o perfil do homem de 56 anos que bateu uma Ferrari vermelha 612 Scaglietti, ano 2005, em um poste do aglomerado Morro das Pedras, na região Oeste de Belo Horizonte, na noite dessa terça-feira (28). O carro está avaliado em mais de R$ 600 mil. O homem apresentava sinais de embriaguez, foi detido, pagou fiança e acabou liberado. 

O acidente aconteceu no fim da noite na rua Onze de Dezembro, uma via estreita. “O condutor acionou a Polícia Militar após colidir com o poste. Os militares foram até lá e verificaram que ele tinha alguns sinais de embriaguez”, explicou o tenente Casal, do 22º Batalhão de Polícia Militar. 

Conforme o registro policial, o empresário tinha fala desconexa e hálito etílico. Ele se recusou a passar pelo teste do etilômetro, conhecido popularmente como bafômetro. 

“A carteira dele foi apreendida, e ele foi conduzido ao Detran para as medidas subsequentes. O condutor não disse o que estava fazendo no local, mas relatou aos militares que dois celulares foram extraviados do veículo dele. Ele tem outras infrações de trânsito em outros artigos”, detalhou o policial. 

O veículo foi rebocado. De acordo com a assessoria de imprensa do Detran, na delegacia, o homem também apresentou sinais de embriaguez como desordem das vestes, fala desconexa, hálito etílico e andar cambaleante. Foi lavrado um auto de infração de trânsito por dirigir sob efeito de álcool com multa de R$ 2.937,40 e processo administrativo para suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por 12 meses. O motorista foi autuado por crime de trânsito e acabou liberado após pagar fiança no valor de R$ 1.400. Na delegacia, ele permaneceu em silêncio. As investigações prosseguem, e a pena prevista é de detenção de seis meses a três anos, multa, suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir. 

Processos para suspensão da CNH

Ainda conforme a Polícia Civil, o empresário responde atualmente a dois processos administrativos para suspensão da CNH por dirigir sob efeito de álcool e exceder o limite de pontos. Sobre esses processos anteriores, ele ainda pode realizar a defesa.

Ferrari virou atração em aglomerado

Com o impacto da batida, moradores saíram de suas casas e filmaram o veículo e o motorista. Vídeos que circulam por grupos de aplicativos mostram que o empresário ainda tentou sair do local do acidente com a Ferrari. 

“Ele ainda bateu em uma moto que estava estacionada e ofereceu R$ 1.000 ao dono para que o problema fosse resolvido. Disse para gente aqui que tem uma frota de carros iguais a esse”, contou um morador, sob anonimato. Segundo ele, o homem já tinha sido visto no aglomerado durante a noite em outra data, mas conduzindo uma motocicleta. 

Nos vídeos gravados pela população, moradores chegam a brincar com a situação. “Bateu aqui no beco. E o meliante tá é ruim, viu? Filma a cara do meliante. O cara bateu aqui na motoca do mano, tá ligado?”, disse um morador. Em seguida é possível ouvir o empresário responder: “Bateu, não. Encostei e vou pagar”. 

Em outra gravação, o morador brinca com o fato de a situação ter acontecido no aglomerado. “É só no Morro das Pedras que acontece umas coisas dessas, pai”, disse. 

Famoso por outros casos

 

O empresário, que atua no ramo de locação de andaimes, nasceu em Nanuque, na região do Rio Doce, e sua empresa tem a sede na capital mineira.

Bem-sucedido nos negócios, ele é famoso por outros episódios. Em março de 2010, uma Ferrari avaliada em R$ 1 milhão foi abandonada na AMG–160, estrada que dá acesso a um distrito de Nova Lima, na Grande BH, após um acidente. 

À época, a reportagem de O TEMPO apurou que o veículo pertencia ao homem. O veículo estava com o IPVA do ano atrasado, e o valor passava de R$ 60 mil. 

Já em fevereiro de 2018, o empresário viralizou em um vídeo em que os pés dele eram lavados com champanhe da marca Veuve Clicquot, cuja garrafa custa mais de R$ 300. O caso aconteceu na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa Catarina, durante o Carnaval. Um garçom teria lavado os pés do cliente que estava sujos de areia. 

Defesa

Em contato com a reportagem, a defesa do empresário informou, em nota, que ele se dirigia para casa "na qual reside há menos de um mês, sob orientação do GPS de seu veículo, quando adentrou em via incorreta que era estreita sem saída". O texto pontua, ainda, que ele não conseguiu manobrar o carro e não estava alcoolizado. "Ao tentar realizar manobra de retorno, acabou por colidir com um poste, o que impediu a continuidade da manobra. Salienta-se que não estava sob efeito de álcool conforme ficará comprovado pelos meios legais", afirmou.