Uma equipe internacional de cientistas identificou o Mirasaura grauvogeli, réptil primitivo que viveu há aproximadamente 247 milhões de anos, portador de estruturas de pele complexas que nunca haviam antes sido observadas em fósseis. O achado, publicado na revista Nature em 23 de julho, foi liderado pelo Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, na Alemanha.

O fóssil apresenta apêndices cutâneos elaborados, semelhantes a penas, mas com características únicas e sem a ramificação típica das penas verdadeiras. Segundo os pesquisadores, essas estruturas provavelmente tinham função de comunicação visual e indicam que a evolução de coberturas corporais sofisticadas ocorreu muito antes dos dinossauros, contrariando a ideia de que répteis antigos eram cobertos apenas por escamas.

Estudos de biologia do desenvolvimento sugerem que a base genética para o surgimento de apêndices de pele complexos remonta a mais de 300 milhões de anos, no período Carbonífero. A análise de melanossomos preservados no fóssil mostrou semelhança com os presentes em penas modernas e extintas, reforçando a singularidade do achado.

O Mirasaura vivia em árvores, em uma das primeiras florestas formadas após a extinção em massa no fim do Permiano, e pertence a um grupo de répteis com adaptações ecológicas notáveis, conhecidos como drepanossauros. O exemplar foi identificado a partir da coleção Grauvogel, iniciada na Alsácia na década de 1930 e incorporada ao museu alemão em 2019.

A descoberta representa um marco para a paleontologia, ampliando o entendimento sobre a evolução das coberturas corporais e complementando décadas de pesquisa desde as primeiras evidências de dinossauros com penas, nos anos 1990.