Em meio à flexibilização das regras de isolamento de cidades como Nova Lima e Ribeirão das Neves, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, deve anunciar nesta segunda-feira, 11, medidas mais duras de isolamento social para a cidade. Na última semana, o prefeito chegou a declarar que começaria a flexibilizar a quarentena a partir do dia 25, mas que os planos poderiam mudar dependendo do comportamento da população. Agora, segundo fontes do Executivo, o aperto nas regras deve vir por causa da insistência do comércio não essencial em funcionar e também do mau exemplo vindo de frequentadores de bares e restaurantes na vizinha Nova Lima após a flexibilização.
O anúncio deve vir após uma reunião de Kalil com o Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 da PBH. O prefeito foi procurado na noite deste domingo, mas não atendeu as ligações.
Desde o fim da semana passada, cenas de bares cheios e ruas com comércios movimentados foram vistas na região metropolitana de Belo Horizonte. Em alguns bairros da capital mineira, as regras de isolamento também estão sendo deixadas de lado. Nos últimos dois finais de semana a Guarda Municipal fechou centenas de estabelecimentos em bairros como Alípio de Melo, Venda Nova e Buritis.
Lockdown
Mais cedo, um dos membros do comitê, o infectologista Carlos Starling, foi questionado apenas sobre a possibilidade de a capital adotar o lockdown. Ele disse que o relaxamento das medidas na região metropolitana preocupa e que a medida mais drástica de isolamento poderia ser adotada caso o número de casos na cidade subisse.
Starling também avaliou que a capital mineira tem um situação diferenciada em relação a outras cidades do país, por ter se preparado em relação ao número de leitos em UTIs e com as regras rígidas de isolamento. Segundo ele, o aumento da ocupação dos leitos em BH está estável nas últimas semanas, variando entre 30% e 40% nos espaços destinados aos infectados.
O infectologista, no entanto, aponta que mesmo com os números estáveis da capital, não há motivo para relaxamento nas regras de isolamento e que episódios nos últimos dias em bairros vizinhos da cidade refletem a irresponsabilidade de muitas pessoas no enfrentamento da epidemia.
"Neste momento não podemos relaxar com as medidas que foram tomadas. Temos sempre o risco de ver esse número (de ocupações dos leitos) crescer de forma rápida e nos planejamos para evitar essa situação. Na Região Metropolitana temos uma população de 5 milhões de pessoas. Se não tomarem cuidados, todos podem correr risco. O que vimos em algumas cidades nos últimos dias foi uma grande irresponsabilidade, algo contrário ao respeito à vida das pessoas", afirmou Carlos Starling.