Mesmo com os gradis para impedir o acesso as praças de Belo Horizonte e evitar aglomerações e a disseminação do novo coronavírus (Covid-19), a população da cidade não respeita a norma e acessa esses espaços públicos. Na manhã desta terça-feira (19), a reportagem de O TEMPO flagrou várias pessoas deslocando as grades e entrando na praça da Assembleia, no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. 

Muitos moradores ficaram sentados dentro da praça, outros passeavam, faziam caminhada ou exercícios físicos. Algumas pessoas estavam sem o uso de máscara de proteção, que passou a ser obrigatória no município. Desde o dia 3 de abril, várias praças da cidade que aglomeravam pessoas foram interditadas com os gradis. 

Na época, a prefeitura explicou que a medida sanitária tinha o objetivo de proteger a população contra a Covid-19, já que o vírus é altamente contagioso, e as aglomerações são uma das maiores formas de transmissão. Além das praças, a orla da Lagoa da Pampulha também foi fechada. Mesmo com a determinação de isolamento social, a reportagem flagrou por diversas vezes aglomerações na orla antes da instalação dos gradis. 

O infectologista Estevão Urbano Silva, que integra o Comitê de Enfrentamento à Pandemia da Prefeitura de Belo Horizonte, falou sobre a importância de os moradores da cidade respeitarem as medidas de prevenção e combate à doença e manterem o isolamento social.

“É fundamental que a população mantenha uma estreita adesão às medidas de isolamento, persistam em casa e, se saírem para situações essenciais, usem máscaras, higienizem as mãos, porque senão vamos perder o controle em Belo Horizonte e em Minas Gerais e nos equipararemos a Estados onde a situação está bem ruim. Por mais que seja difícil para todos, é fundamental a manutenção da adesão para que possamos manter a curva achatada, evitar um grande pico, inclusive o colapso do sistema de saúde. A gente espera a colaboração da população e mais um pouco de paciência para superarmos esse momento sem uma grande crise”, salientou. 

O que diz a Guarda Municipal

Responsável por fiscalizar os descumprimentos às normas de combate ao novo coronavírus, a Guarda Municipal informou que todo seu efetivo, de 2.064 agentes, está atuando em vários pontos da capital, dividido por turnos, desde a segunda quinzena de março, quando começaram as medidas de prevenção e combate à Covid-19.

“A conscientização da população tem sido o principal objetivo dos guardas municipais durante as abordagens a comerciantes e, sobretudo, a populares em todos os espaços públicos da capital, incluindo a praça da Assembleia, bem como as demais que precisaram ter o acesso interditado para evitar a aglomeração de pessoas”, ressaltou a Guarda Municipal por nota. 

Desde o dia 20 de março até esta segunda 18 de maio, o órgão afirma que já foram realizadas 23.865 abordagens de orientação a estabelecimentos comerciais, empresas e a populares em espaços públicos da capital. Esse tipo de abordagem acontece durante patrulhas preventivas e rotineiras ou com base em denúncias. 

Quem flagrar comércio irregular na cidade, aglomeração de populares ou irregularidades em empresas pode fazer denúncias pelos canais disponibilizados pela Prefeitura de Belo Horizonte à população, que são o telefone 156 ou o Fale com a Ouvidoria (http://prefeitura.pbh.gov.br/ouvidoria/fale-com-a-ouvidoria).

Veja outras medidas de prevenção e combate ao coronavírus tomadas pelo município

No início de abril, Kalil publicou um decreto que proíbe a entrada de ônibus do transporte coletivo de cidades que afrouxassem as regras do isolamento social. Guardas municipais fazem abordagem aos veículos e pedem que eles retornem aos municípios de origem. 

Além disso, nos coletivos da cidade já é obrigatório o uso de máscaras. O mesmo serve para os estabelecimentos comerciais que estão autorizados a funcionar na cidade como serviços de saúde, farmácias, laboratórios, clínicas, hospitais, óticas, supermercados, hipermercados, padarias, sacolões, mercearias, hortifrútis, armazéns, açougues, postos de combustível, lojas de materiais de construção civil, agências bancárias, lotéricas, correios e bancas de jornais e revistas.

Os donos de outros tipos de comércios que insistem em funcionar são notificados e perdem o alvará se insistem na irregularidade. Nenhum tipo de evento com aglomeração de pessoas pode ser realizado na cidade.

Também como medida de proteção e contra a disseminação do coronavírus, a prefeitura proibiu a realização de eventos dentro de carros, conhecidos como “drive in”, sujeito a multa de R$ 20 mil para o organizador. Os espaços públicos que aglomeravam muitas pessoas, como praças e a orla da lagoa da Pampulha, foram fechados com barreiras físicas.

O prefeito chegou a publicar um decreto estabelecendo multa de R$ 80 para quem não usasse a máscara em espaços públicos, no entanto, após recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a punição foi revogada. 

Kalil já disse também que não descarta a possibilidade de lockdown, ou seja, de fechamento da cidade, em caso de descontrole nos casos de coronavírus.