Se as tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump passarem a valer em 1º de agosto, conforme prometido, o Brasil possivelmente terá que buscar alternativas devido à iminente queda da importação pelos EUA. Mas buscar mercado não é uma tarefa tão fácil, conforme explicam especialistas. 

“É muito complicado, porque a maioria dos países como a Europa e a própria China já estão importando aquilo que eles necessitam. A China até pode importar um pouco mais do Brasil, só que ela vai querer pagar mais barato, porque ela é parceira, ela tem as suas críticas em relação ao custo americano, mas ela não é a nossa mãe ou nosso pai, também não é o nosso melhor amigo. É claro que ela vai tirar vantagens em relação a isto, como a própria Europa e como qualquer outro país”, avalia o economista Daniel Weigert Cavagnari, coordenador dos cursos de Gestão Financeira da Uninter.

Mas Daniel aponta algumas possibilidades para o Brasil que são mais palpáveis. “É possível que a gente consiga outros mercados facilmente. A Argentina seria um bom mercado, o próprio mercado da América do Sul seria um bom mercado para fazer novas negociações”, indica. “Mas, por enquanto, com certeza vai haver uma redução nos próprios preços de exportações. Então, os exportadores já saíram perdendo”, pontua.

Já o professor Vladimir Feijó, da Uni Arnaldo Centro Universitário, aponta as alternativas brasileiras olhando os sete principais produtos exportados para os Estados Unidos, que 
podem ingressar em novos mercados. “Em primeiro lugar, petróleo bruto, a Europa está ansiosa por comprar petróleo barato em alternativa do petróleo russo. Minério de ferro, da mesma forma, a China tem bastante ânsia de compra. Soja, a China também tem um apetite muito grande. Em quarto lugar, açúcar, que tanto o mercado interno quanto o mercado internacional podem absorver. Carne bovina, farelo de soja, óleos combustíveis, completam o top 7.”

O professor salienta que a busca por novos mercados já deveria ser uma prioridade para os exportadores há muito tempo. Vale lembrar que, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o agronegócio brasileiro alcançou 392 aberturas de mercado desde 2023. “Essa sobretaxa de 50% só vai pegar de surpresa quem realmente não estava se preparando para os desafios de comércio com os americanos”, afirma. O economista Daniel Cavagnari compartilha a mesma opinião. “Ele (Trump) está fazendo exatamente esse tarifaço com todos os países, para o Brasil ele só está dando uma justificativa a mais, mas que ele ia fazer isso já era previsto. Então, o Brasil já deveria estar se preparando para essa questão.”