Amor em tempos de coronavírus

Reflexo da pandemia: BH registra o primeiro casamento civil por videoconferência

Modelo foi autorizado em portaria publicada pelo Tribunal de Justiça de MG na última semana, motivado pelas restrições da pandemia

Por Isabelly Morais
Publicado em 30 de abril de 2020 | 10:33
 
 
 
normal

O casamento civil, tanto quanto demais cerimônias e celebrações, carrega certos rituais. No entanto, com as restrições impostas pela pandemia do coronavírus, o formato tradicional deu lugar a um procedimento por videoconferência, e o primeiro caso em Belo Horizonte ocorreu nesta quinta (30). De um lado da tela, Welton de Souza e Heloísa Galeno dividiam a expectativa pelo momento juntos. Do outro, estavam o juiz de paz e a celebrante do Ofício de Registro Civil com Atribuição Notarial do Barreiro.

“Foi uma sensação muito louca. Muito bom”, comenta Heloísa, de 40 anos. “É um sentimento de alegria, de medo, de nervosismo. Tudo isso ao mesmo tempo. O ‘sim’ foi dado”, aponta Welton, de 36 anos.

Os dois estavam na Igreja Batista Atos, no bairro Milionários, na região do Barreiro, onde frequentam. As testemunhas foram Aendel Leonardo e Elciene Alves, pastores da igreja. A ansiedade pelo processo fez com que Welton até esquecesse a senha do e-mail, que ele precisava para que a videoconferência fosse realizada por meio do Google Meet. “Lembrei, graças a Deus”, comemorou aliviado após o esforço para recordar.

Veja vídeo e fotos da cerimônia:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

CASAL TROCA ALIANÇAS POR VIDEOCONFERÊNCIA 👰💐🤵 - O casamento civil, tanto quanto demais cerimônias e celebrações, carrega certos rituais. 🛐 . . No entanto, com as restrições impostas pela pandemia do coronavírus, o formato tradicional deu lugar a um procedimento por videoconferência, e o primeiro caso em Belo Horizonte ocorreu nesta quinta (30). 💻 . . De um lado da tela, Welton de Souza e Heloísa Galeno dividiam a expectativa pelo momento juntos, com o juiz de paz e a celebrante do Ofício de Registro Civil com Atribuição Notarial do Barreiro do outro. 💑 . . "Foi uma sensação muito louca. Muito bom", comenta Heloísa, de 40 anos. "É um sentimento de alegria, de medo, de nervosismo. Tudo isso ao mesmo tempo. O 'sim' foi dado", aponta Welton, de 36 anos. 👫 . . Os dois estavam na Igreja Batista Atos, no bairro Milionários, na região do Barreiro, onde frequentam. 💒 . . Curiosamente, o casal se conheceu pelas redes sociais em maio do ano passado, mês em que ela perdeu o pai. . . "Foi num momento bem difícil e delicado. Eu tinha acabado de perder meu pai quando nos conhecemos, e eu não imaginava que ia começar um relacionamento. Foi como se ele trouxesse cura pra mim, porque em um momento tão difícil eu comecei a sentir um alívio. A dor foi diminuindo e ficou só a saudade", relembra a cabeleireira Heloísa. ♥️ . . Uma amiga de Heloísa a produziu antes do casamento. 💆 Welton foi ao barbeiro e também se preparou para a cerimônia. Na mesa, o buquê e a aliança materializavam a união, mesmo que em um formato pouco convencional. 💐 . . ➡️ Parabéns ao casal 👏👏👏 Diga nos comentários se você também toparia se casar por videoconferência 📲 Arraste para o lado e veja mais fotos da cerimônia. . . 📸 Fred Magno/O TEMPO (@fred.magno) . 📝 Leia a reportagem completa de Isabelly Morais (@isabellymrf) no link da bio ou nos stories. . . #casamento #amor #love #video

Uma publicação compartilhada por O Tempo (@otempo) em

Desde uma conexão falhando inicialmente até câmera de notebook sem funcionar, o casal dividiu a expectativa com a compreensão da tecnologia antes do casamento. “Não nasci pra isso, não”, brincou Heloísa ao se referir aos meios tecnológicos. No fim, eles acabaram usando o celular. Curiosamente, o casal se conheceu pelas redes sociais, em maio do ano passado, mês em que ela perdeu o pai.

“Foi num momento bem difícil e delicado. Eu tinha acabado de perder meu pai quando nos conhecemos e não imaginava que ia começar um relacionamento. Foi como se ele trouxesse cura pra mim, porque em um momento tão difícil eu comecei a sentir um alívio. A dor foi diminuindo e ficou só a saudade”, relembra a cabeleireira Heloísa.

Uma amiga de Heloísa a produziu antes do casamento. Welton fez a barba, cortou o cabelo e também se preparou para a cerimônia. Na mesa, o buquê e a aliança materializavam a união, mesmo que em um formato pouco convencional. Na videoconferência, o processo foi rápido, durando cerca de cinco minutos. A cerimônia estava marcada inicialmente para o dia 4 de abril, mas foi impossibilitada de acontecer presencialmente devido à pandemia. 

“Quando olhei pra Heloísa, vi que era o amor da minha vida. Ela é uma pessoa muito batalhadora, meiga, ela me completou. Tudo que eu preciso de uma pessoa, a Heloísa tem. Um momento ímpar na nossa vida. Depois que isso passar, vamos comemorar o fim da pandemia e o casamento”, indica o cuidador de idosos Welton.

A autorização de casamento civil por videoconferência na capital mineira veio por meio de uma portaria publicada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na última quarta (22). O serviço, por ora, está disponível em dois cartórios: Ofício de Registro Civil com Atribuição Notarial do Barreiro e Ofício de Registro Civil com Atribuição Notarial de Venda Nova.

Saída em tempos de pandemia

Outro casal que teve que aderir à videoconferência foi Thiago Augusto, de 23 anos, e Carolina Ferreira, de 24. Inicialmente, o casamento civil estava marcado para 22 de abril, mas não aconteceu presencialmente. Os dois estão juntos há 2 anos e oito meses, e a cerimônia ocorreu na casa do noivo, também com o cartório do Barreiro.

Diferentemente de Welton e Heloísa, eles não tiveram dificuldades com conexão ou com a plataforma. "Em março a gente já percebeu que não teria mais como fazer o casamento. A gente não esperava que o cartório ia fazer por vídeoconferência, então foi uma surpresa", conta Carolina.

"Foi uma experiência muito legal. Acho que a tendência é essa, com a tecnologia avançando tanto. Facilitou pra nós e foi uma experiência muito bacana", aponta Thiago. Ele é desenvolvedor de software e lida diariamente com a tecnologia, mas disse que nunca pensou que seu casamento seria através dela. "De forma alguma. Nunca imaginei que seria assim", completa.

Mesmo tendo sido na casa de Thiago, não faltou organização. O cenário tinha cortina, mesa e arranjo de flores. Tudo isso ficou a cargo da cerimonialista Laura Veloso, que já vem planejando o casamento dos dois há cerca de um ano. Eles conseguiram remarcar a data da cerimônia religiosa e da festa para julho, mas estudam também a possibilidade de ser em outubro caso a primeira opção seja inviabilizada.

"Toda organização de um casamento é muito especial, porque nós trabalhamos com sonhos muito profundos. É um grande investimento, até mesmo financeiro. O casamento deles já estava todo idealizado. Conversamos com os fornecedores para remarcar. Não deixamos nosso projeto e vamos retomar assim que der. Creio que mais lindo e mais intenso", pontua Laura.

Experiência nova para todos

O cartório do Barreiro realizou seis casamentos na manhã desta quinta-feira, incluindo os dois acompanhados pela reportagem e relatados nesta matéria. Segundo Leticia Franco, oficial de registro e tabeliã do cartório, essa experiência pode ser ampliada para outros em Minas Gerais em decorrência dos exemplos bem sucedidos.

"Ficamos muito satisfeitos em celebrar. A corregedoria queria verificar se esse formato funcionaria, se daria certo. Fomos escolhidos, junto com o de Venda Nova, para fazer esse teste e deu muito certo. Tivemos um pouquinho de demora na conexão em alguns, um pouco de delay em outros, mas não atrapalhou em nada", coloca Letícia.

O juiz de paz que celebrou os seis casamentos foi Leonardo Miguel, de 55 anos. Para ele, a cerimônia presencial tem suas especificidades, mas alguns pontos foram conservados mesmo com a experiência por videoconferência.

"Fico muito orgulhoso de ter participado e deu tudo certo. Foram seis casamentos realizados com sucesso. Claro que o casamento presencial tem uma diferença pela presença física dos noivos, das testemunhas e nossa. Mas eu percebi nesses seis casamentos que do lado de lá da tela os noivos têm a mesma emoção e estão cercados naquele momento por um grupo de pessoas, como as testemunhas e um ou outro parente. A emoção conserva", comenta Leonardo.

O casamento de forma online tem o mesmo respaldo legal do presencial. O link com a transmissão pode ser enviado a outras pessoas, que podem acompanhar a cerimônia em tempo real. O vídeo do processo, arquivado pelo cartório, substitui as assinaturas. Ainda assim, quando a pandemia passar e se o casal quiser, pode comparecer ao cartório para registrar as assinaturas. Assim que a videoconferência é realizada, um dos dois pode buscar a certidão na unidade, sendo obrigatório o uso de máscara para tal.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!