Estudo de oito pesquisadores da Escola de Engenharia e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) indica que a maior parte dos Estados brasileiros terá a ruptura dos seus leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) entre abril e maio. Isso aconteceria se não forem construídos novos leitos e não seja internsificado o isolamento social.

Essa pesquisa, que foi disponibilizada a todos os governos estaduais, apresenta um modelo matemático em que os gestores poderão atualizar dados e projetar diariamente a data de esgotamento do sistema de saúde (ocupação total dos leitos comuns e/ou de UTI). Também será possível estimar a quantidade de leitos adicionais necessária para atender a todos os infectados pelo coronavírus que demandarem atendimento.

Segundo a UFMG, desde a publicação do estudo, os pesquisadores mostram três cenários: um otimista, em que 0,5% da população se contaminaria com a Covid-19; um moderado, com 1% das pessoas infectadas; e um pessimista, modelo com índice de 2% dos habitantes de cada Estado com a doença.

Alerta

Em sua última simulação feita, com dados da última segunda-feira (6), mesmo na previsão otimista, todos os estados, exceto o Distrito Federal, vão vivenciar o esgotamento de seus leitos de UTI em algum momento de maio.

O mesmo se repete no cenário moderado, com o adiantamento das datas em que o problema terá início, além da inclusão do DF. Já no cenário pessimista, além de todos os Estados experimentarem o esgotamento de seus leitos de UTI entre 27 de abril e 11 de maio, quase todos as unidades federativas também não terão mais leitos comuns.

“A rápida propagação do vírus tem colocado à prova os sistemas de saúde de todos os países, e muitos deles já entraram ou ainda entrarão em colapso, ou seja, faltarão leitos gerais e de UTI para atender as demandas de internação relacionadas ao novo coronavírus”, dizem os pesquisadores. 

Minas Gerais

A pesquisa relata que Estado conta com 3.096 leitos de UTI, mas que aproximadamente 70% deles ficam ocupados, normalmente, com pacientes que têm outras doenças. Com isso, restariam 928 leitos disponíveis para acolher pessoas diagnosticadas com o coronavírus.

Nos cenários otimista e moderado, a simulação dá conta que Minas terá mais doentes que leitos a partir do dia 14 de maio. Já no cenário pessimista, o Estado deve experimentar, segundo a simulação do modelo, o esgotamento de suas unidades de tratamento intensivo já a partir de 4 de maio, e de seus leitos comuns a partir do dia 14 do mesmo mês.

Precaução

Segundo os pesquisadores da UFMG, há apenas duas formas de se evitar que os leitos de UTI se esgotem: construindo mais ou praticando o isolamento social. “Existem duas formas de se evitar o colapso do sistema: a primeira é aumentar sua infraestrutura, com a disponibilização de mais leitos, pessoal e insumos, adequando-os à demanda. Isso, porém, é inviável em curto prazo: o máximo que se consegue fazer é abrandar o impacto e adiar o colapso em alguns dias”, explica o professor Luiz Ricardo Pinto, do Departamento de Engenharia de Produção (DEP) da Escola de Engenharia, um dos autores do estudo.

“A segunda forma, mais eficiente e viável, é o isolamento social, pois com ele a taxa diária de transmissão é reduzida, e a curva de contaminados, achatada. Assim, o número simultâneo de pacientes que demandam leitos de internação cai muito, e o sistema consegue atender mais pessoas ao longo do tempo”, afirma.